Engano quem pensa que a falta de diálogo é algo recente ou mesmo herança das mídias digitais. Sempre foi difícil, nas melhores e mais evoluídas sociedades. É algo que demanda empatia, vontade que dê certo, é aprender a ouvir o outro, não julgar e por aí vai.
A principal estratégia do diálogo é saber escutar. Escutar sem interromper, com verdadeira vontade de compreender o que o outro está querendo dizer e também em descobrir como podemos contribuir para o entendimento e a ação, a amizade, o projeto, enfim, o objetivo que gerou aquele diálogo.
O que normalmente percebemos em alguns momentos sociais é todo mundo falando junto, deixando a emoção gritar mais alto e sem interesse de que aquela conversa leve a qualquer lugar, a não ser que seja onde cada um individualmente quer. E não estou falando só de famílias de sangue quente, como as latinas, mas também em algumas empresas onde você está negociando. Precisamos aprender a dialogar.
Quando for negociar um projeto lembre-se de conhecer um pouco sobre seu interlocutor. Quem é, qual as características da empresa, quais outros projetos que já executaram, enfim, hoje isso é mais fácil, existem os meios digitais que podem ajudar.
Depois desse passo tão óbvio e tão esquecido por tanta gente, o importante é conhecer de cabo a rabo seu projeto, ter parâmetros de pesquisas, dados que possam ajudar a esclarecer algum ponto na hora da apresentação, pois nem sempre o nível de entendimento é o mesmo que o seu. Pode ser que o que você irá apresentar exija um conhecimento determinado que seu interlocutor não tem.
Mas e o tal diálogo? Ouça pacientemente a pessoa com quem está negociando. Sem interesse de interromper, sem olhar para o celular, sem ficar pensando em que resposta irá dar, mas escutando para verdadeiramente compreender e complementar o que ficou em dúvida.
Se não concordar com algo tome o cuidado de falar respeitosamente sobre o projeto que está sendo apresentado. A pessoa está expondo sua opinião e nem sempre a resposta deve se ater no certo e no errado, mas sim no diálogo pra se chegar em um consenso.
Se precisar apontar alguma falha, tenha a assertividade de falar do projeto e jamais de quem o executou. Dizer que o projeto não condiz com o que foi brifado inicialmente é muito diferente de dizer que fulano de tal não compreendeu o que foi pedido.
Você pode falar pelos cotovelos, mas aprenda a ouvir. Deixe o outro se expressar, do contrário nunca saberá qual a real necessidade ou contribuição que a outra pessoa poderá trazer a você. Saiba que uma dificuldade na execução de um trabalho ou baixa produtividade ou mesmo divergência de pontos de vista podem ser resultados de falta de cuidado na atenção durante um suposto diálogo que você teve com um colaborador ou parceiro de negócio.
Analise, no momento em que você não ouve a outra pessoa, interrompe ou complementa suas frases por ela, agride com gestos e palavras (e nem estou falando de palavrões e gestos obscenos), você pode estar demonstrando o quanto despreza aquela pessoa e pior, o quanto ela a intimida a ponto de você nem deixar que se expresse ou que possa se destacar mais que você em qualquer situação.
Suposições, mas podem esclarecer alguns conflitos, principalmente se são recorrentes.
Boa semana!
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