Não é raro deparar-se com Giorgio Armani em uma das mesas do requintado Nobu Milano. O restaurante, aberto em parceria com o famoso sushi chef japonês Nobu Matsuhisa, está localizado bem ao lado do Armani Hotel e dentro da boutique Emporio Armani. O que poucos sabem, é que o estilista frequentemente é servido diretamente pelo executive-chef Antonio D'Angelo e que, grande parte das vezes, ele lhe prepara pratos que não figuram no menu.
O que poucos sabem é que Antonio D'Angelo, por mais de cinco anos, foi personal chef do estilista e ainda hoje o acompanha, pelo menos, durante uma semana em suas férias. "Há grande respeito, admiração e gratidão", comenta o chef napolitano de 45 anos que há mais de 20 deixou o sul do país e adotou Brescia, cidade a 100 quilômetros de Milão, como sua nova casa.
De Nápoles para o mundo
O garoto que, desde pequeno adorava comer mais do que cozinhar e se surpreendia com a riqueza e qualidade dos ingredientes comprados pelo pai, acabou se apaixonando pela culinária. "A riqueza das cores e aromas que emanavam dos pratos preparados em casa foram fundamentais para construir meu percurso gastronômico", lembra o italiano que após um curso técnico para se tornar cozinheiro profissional deixou, em 1991, o sul da Itália para conquistar o mundo. A primeira parada: a região de Brescia, onde por mais de 12 anos, trabalhou como Chef de partie (encarregado de uma determinada área da cozinha) e Sous Chef em renomados e estrelados restaurantes. A grande oportunidade, porém, surge no final de 2003, quando recebe uma proposta irrecusável para comandar o restaurante do luxuoso Gallia Hotel na capital milanesa. Em setembro de 2004, o italiano passou a integrar o time do japonês Nobu em Milão. A experiência foi breve e logo depois, por exatos cinco anos, Antonio D'Angelo esteve ao lado de Giorgio Armani como seu personal chef. Fosse na cozinha da residência em Milão ou durante as férias, ele se colocou à prova seu talento e criatividade das mais variadas formas. Em 2009, pediu para voltar à cozinha do Nobu. "Foi uma decisão sofrida mas acertada. Sentia falta daquele mundo frenético. A única exigência por parte de Armani foi: Antonio voltaria ao Nobu mas durante as férias, pelo menos, por uma semana, seguiria o estilista.
Nobu e Formentera
O bom filho à casa torna. Ou melhor, a cozinha. "Foram cinco anos fora, mas a volta ao dia-a-dia frenético do restaurante foi revigorante. E trouxe comigo a experiência de ter tido um único cliente. Exigente. E que cliente", relata ele que, em menos de 10 anos, passou de head a executive chef do Nobu Milano. A culinária japonesa fusion já contaminada com ingredientes puramente mediterrâneos se transformou no seu cartão de visita. "As constantes visitas do premiado chef Nobu Matsuhisa à Milão e as viagens que faço duas vezes ao ano para Los Angeles, Londres, Nova York, Cidade do México e Dubai são fundamentais para aprimorar a minha culinária que acabou me dando uma visão global do uso de tantos ingredientes", aponta ele que prima pela qualidade e excelência das matéria-primas. "Acabei até criando uma pequena "farm" de 6 hectares, onde cultivo wasabi, couve e outras verduras. Sem falar, na criação de galinhas e cabras e nas cerejas, caquis, maçãs, peras e romãs".
Os produtos plantados em Brescia, grande parte das vezes, acabam também sendo consumidos pela clientela do Nobu Milano. "O ovo que vai no recheio do ravioli Wagyi com cebola caramelada vem das galinhas. E também vai na receita do espaguete à carbonara com molho de ouriço de mar. E é claro, o wasabi acompanha o clássico sushi", explica o chef que recebe elogios pela menu que combina a tradicional culinária japonesa com influência de produtos típicos peruanos e mediterrâneas.
O mix de culturas que permeia as receitas elaboradas por Antonio D'Angelo é saborosamente identificado nos pratos que ele serve no seu restaurante Molo 47, em Ibiza, inaugurado há três anos. O chef virou empresário. "Acabei me apaixonando pela ilha e quando surgiu a oportunidade não pensei duas vezes", lembra ele que, antes de fechar o negócio, foi pedir a benção e permissão a Giorgio Armani e Nobu. Ambos incentivaram o pupilo. O chef nipônico aprovou o cardápio e ainda deu uma aula ao sushiman do novo restaurante. E o estilista italiano? "Ele veio. Foi um honra. Fui para a cozinha e preparei um risoto como ele gosta".
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