Céu azul. 7 graus. Depois de uma semana chuvosa e mau tempo, os milaneses acordaram, neste domingo, 13 de dezembro, de bom humor. O motivo: sol e a tão esperada reabertura de bares e restaurantes até as 18h. A partir de hoje, a região da Lombardia, da qual Milão é a capital, passa a ser "área amarela", ou seja, os moradores podem circular livremente das 5h às 22h, viajar para outras regiões e voltar a frequentar shoppings centers, bares e restaurantes. Apesar de ser o epicentro da pandemia, Milão conseguiu no último mês reduzir o índice de contágio e de internações nas UTIs. A nova fase de liberdade traz novas perspectivas. Segundo dados da Coldiretti, associação que representa os agricultores italianos, nas quatro regiões que hoje passam a ser consideradas área amarela - Lombardia, Piemonte, Calábria e Basilicata - cerca de 94 mil bares e restaurantes estão abrindo ao público. Por semanas, a categoria foi obrigada a trabalhar somente com os serviços de delivery.
Desde o anúncio da possível reabertura, proprietários de bares e restaurantes e chefs passaram os últimos dias organizando cardápios, higienizando o local e controlando que as regras de distanciamento social fossem cumpridas à risca. O chef estrelado Andrea Berton, em sua conta no Instagram, mostrou aos seguidores que já estava pronto para receber a clientela. Os clientes, por sua vez, não perderam tempo e começaram a fazer suas reservas. Alessandro Coltro, 30 anos, não perdeu tempo. Na sexta-feira, dia 11, garantiu uma mesa no badalado Al Mercato Steaks & Burgers, do chef Eugenio Roncoroni.
“Voltar a comer fora e ter o prazer de degustar um prato lentamente com amigos depois de semanas de entrega em domicílio é como viver plenamente a vida. Não há nada melhor que passar algumas horas sentado em uma mesa de restaurante principalmente no domingo", explica o empresário italiano. A satisfação e alegria é compartilhada na mesma intensidade pelo proprietário do Al Mercato Steaks & Burgers, Eugenio Roncoroni. "Estou muito feliz de poder retornar ao meu habitat natural, fazendo o meu trabalho, que é minha paixão: a culinária de alta qualidade. Hoje, vemos aqui um clima fantástico entre as pessoas. É a prova de que todos querem voltar a viver normalmente", diz o chef milanês de 37 anos.
Cafezinho e liberdade
O domingo em Milão também foi dia não só de ir ao restaurante ou fazer compras. Há quem tenha preferido simplesmente tomar o café da manhã nos bares espalhados pela cidade. O rito de estar por minutos em um balcão e jogar conversa fora foi degustado até o último minuto. Em Brera, conhecido bairro do design italiano, as ruas ficaram lotadas e as cafeterias abriram suas portas. Logo pela manhã, muitos clientes já se encontravam acomodados com amigos e parentes para beber o primeiro café em liberdade. "Estávamos ansiosos por este dia. Para a nossa categoria foi muito difícil. Bares como os meus vivem não só do café mas do happy-hour. Hoje, faturo 30% do que ganhava antes do lockdown", reflete Antonio Scilipoti, dono do bar/cafeteria Cube e mais dois locais na cidade. "Agora é esperar que pela "via libera" depois das 18h. E voltar a oferecer o happy-hour que faz parte da tradição milanesa".
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