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A Denorex 80 capitalizou a saudade da década perdida.

Crianças, hoje vou filosofar com vocês sobre essa febre oitentista que se alastra já há algum tempo pela cidade, por nosso estado e pelo país.

Músicas, grupos e artistas exumados, regravações, reuniões, tributos, festas e casas temáticas, bandas novas de som antigo, DJs especializados, campeonatos de Atari e até a moda (que, convenhamos, era o que havia de pior na época) dos anos 80 assombram – e divertem – os jovens e os tiozinhos dos anos 2000.

Ok, essas ondas saudosistas são recorrentes, e cada década costuma “ressuscitar” 20 anos depois – como testemunhamos em Curitiba nos anos 90, com a explosão de bandas cover de clássicos dos anos 70.

Mas os revivals setentistas dos anos 90 não chegavam nem perto da avalanche dos 80s que ora nos soterra. Ou você se lembra de um bar hippie, ou um Café Woodstock? Por acaso alguém – exceto os músicos e os fãs xiitas – voltou a usar calças bocas-de-sino e sapatões de plataforma a la Didi Mocó?

Já a década perdida voltou com tudo – e trouxe das catacumbas gente como Leo Jaime, Ritchie, Rosana, Paulo Ricardo, Kid Vinil, Marina e outros, reunidos em festas, como a Trash 80 de São Paulo, noites, discos, filmes e DVDs de tributo aos anos 80.

Em Curitiba, salvo lapso mnemônico, quem primeiro deu vazão à saudade oitentista foi o Vox Bar – que desde 1998 revisita a trilha sonora da década retrasada todo santo fim de semana, com grande sucesso e filas colossais.

As bandas nostálgicas começaram a surgir por aqui no começo desta década. A primeira delas, a Denorex 80, foi um fenômeno inesperado e instantâneo. Formada de brincadeira no início de 2003, para matar a saudade do vocalista Alexandre Nero, a banda estreou em março daquele ano na festa de entrega do prêmio Poty Lazzarotto, no Café do Teatro, para 300 pessoas.

No segundo show, um mês depois, o público já chegou a 600 espectadores, e no terceiro, no Cine Música Bar, já javia mil pagantes e filas quilométricas do lado de fora.

Depois disso a banda faria megashows com cachês milionários para 4 mil pessoas no Curitiba Master Hall, contrataria artistas como Leo Jaime, Evandro Mesquita, Rosana, Biafra, Afonso do Dominó e Sidney Magal para participações especiais, e faria turnês pelo interior e outros estados.

Na esteira do sucesso da Denorex viriam outras bandas, como Rádio 80, Trashman, Cine Hits, Peek-a-boo e DeLorean – e até a Nega Fulô, que sempre tocou disco music dos anos 70, faria um set com músicas da década seguinte. Sem falar nas festas temáticas em casas noturnas, como James, Nico, Vilarigno, Amatulah e Era Só O Que Faltava. Ou nos bares inteiros construídos para homenagear aquela época, como o Layout 80.

O que explica todo esse sucesso – inclusive entre os mais jovens, nascidos durante ou depois dos anos 80? A qualidade das músicas e dos artistas? A falta que fazem a ingenuidade e a esperança pós-ditadura? Ou tudo não passa de modinha e saudosismo dos trintões e quarentões de hoje? Dê o seu pitaco…

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