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Saudações, notívagos! A enorme repercussão do post sobre o fiasco do show dos Scorpions (mais de 10 mil acessos e 141 comentários) mostrou que tem muita gente indignada com a falta de espaços para grandes eventos em Curitiba. E nos convenceu a acatar a sugestão de verificar o andamento do processo que interditou a Pedreira Paulo Leminski, e a ir além: procurar soluções alternativas e tentar descobrir por que os nossos estádios não são utilizados para shows. O resultado começou a ser publicado na edição de hoje do Caderno G, na reportagem que eu reproduzo a seguir:

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Curitiba fora da rota dos grandes eventos

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Subsede da Copa do Mundo de 2014, hoje a capital não tem estrutura para receber um show para 20 mil pessoas

Luigi Poniwass

Pelo menos no que diz respeito aos shows e eventos de grande porte, Curitiba voltou a ser a quinta comarca de São Paulo. Sim, porque desde agosto de 2008, quando a Pedreira Paulo Leminski abrigou o seu último show – a gravação do DVD do grupo de pagode Inimigos da HP –, quem quis assistir às apresentações das grandes estrelas do showbiz que passaram pelo Brasil (e a lista inclui Madonna, Metallica, Guns N’ Roses, Coldplay e Aerosmith, entre outros), teve de se deslocar até a capital paulista – ou ainda a Porto Alegre ou Rio de Janeiro, que ficam mais distantes.

Pior: nesse meio tempo, até os shows médios trazidos para Curitiba precisaram ser realocados para a região metropolitana – Ivete Sangalo, Oasis e Scorpions para Pinhais, e Fernando & Sorocaba para Campina Grande do Sul, por exemplo. E pensar que até 2008 a capital paranaense era a terceira maior praça de shows do país, e recebia atrações como Paul McCartney (que vai se apresentar em Porto Alegre no início de novembro), David Bowie, Ramones, AC/DC, INXS, Bon Jovi, Iron Maiden e Pearl Jam, entre outras.

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Passados dois anos e meio da interdição da Pedreira, a situação do espaço continua indefinida. E não parece sensibilizar o principal interessado – a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), responsável pela área. Prova disso é que ninguém havia se dado ao trabalho de investigar a razão da demora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape-PR) em indicar um perito para fazer um laudo técnico do local, que servirá de base para determinar as condições para a reabertura do espaço – conforme ficou decidido na audiência de conciliação realizada em fevereiro deste ano.

“Nós não recebemos nenhum ofício a esse respeito”, garante a presidente do Ibape-PR, Vera Lúcia de Campos Corrêa Shebalj. “O comunicado que eu tenho é uma carta informal do vereador Jonny Stica, informando que nós seríamos procurados sobre essa questão. Mas eu estou aguardando uma correspondência oficial até hoje.” O curioso é que, de acordo com o processo, identificado com o número 50913/0000, teria sido expedido um ofício ao Ibape-PR no último dia 18 de junho. “Se tivéssemos recebido, certamente já teríamos indicado os profissionais e a perícia já poderia ter sido feita. Não existe má vontade do Ibape, muito pelo contrário: a entidade tem o maior interesse em trabalhar nesse caso, até pela sua repercussão”, ressalta Vera Lúcia.

“Parece que o sistema jurídico não está funcionando nesse caso”, acusa o vereador Jonny Stica (PT), um dos idealizadores do movimento A Pedreira É Nossa: “O ofício não foi enviado por carta registrada e ninguém foi conferir se ele havia chegado ao destinatário. Vou solicitar ao juiz [Douglas Marcel Peres, responsável pelo caso] que reenvie a correspondência oficial ao Ibape, para que enfim seja feita a perícia ambiental”. Ele aproveita para criticar a prefeitura: “Parece que ninguém está preocupado com isso. A procuradoria do município não se manifesta, não acompanha o processo, e não vemos por parte da Fundação Cultural e dos procuradores o engajamento que esperávamos”.

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Paulino Viapiana, presidente da Fundação Cultural de Curitiba, nega o desinteresse: “Entendemos que a Pedreira pode funcionar para determinados eventos, em determinados horários, com uma agenda negociada com a comunidade”, argumenta. Mas admite que não foi feito um esforço maior a esse respeito. “Não acelerei esse processo, até porque se a Pedreira fosse liberada hoje, não teríamos dinheiro no orçamento para fazer a reforma que seria necessária no local.” O juiz Douglas Marcel Peres foi procurado para falar sobre o ofício que não chegou ao Ibape, mas não quis se manifestar.

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Estádios e BioParque seriam “plano B”

Couto Pereira, Arena da Baixada e o terreno do Lupaluna são alternativas para Curitiba voltar ao circuito

Com a novela da Pedreira longe de um final feliz, e as outras alternativas em estudo pela prefeitura (uma área no futuro Parque Linear do Iguaçu e um ginásio para 20 mil pessoas a ser construído no Tarumã) ainda em fase embrionária, os únicos espaços que teriam condições de abrigar grandes eventos na cidade seriam os estádios de futebol – principalmente o Couto Pereira e a Arena da Baixada – ou o BioParque, o terreno na Avenida das Torres onde foi realizada a última edição do Lupaluna, no ano passado.

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Em princípio, Coritiba e Atlético estariam dispostos a firmar parcerias para shows nos seus respectivos estádios. O problema seria o custo: “A grande questão é que os shows em estádios de futebol requerem um cuidado especial com o gramado, e apenas uma empresa faz esse serviço no Brasil, a Easy Floor”, observa o gerente de marketing do Coritiba, Roberto Pinto. “Essa cobertura pode custar R$ 200 mil, dependendo da área. Some-se a esse valor o aluguel do estádio, que pode variar entre R$ 60 mil e R$ 100 mil, mais todos os outros custos da iniciativa… dependendo da atração, precisaria ser cobrado um ingresso acima de R$ 300, para um público de 40 mil pessoas. O mercado de Curitiba não comporta isso.”

O diretor de marketing do Atlético, Paulo César Verardi, também alega que não há demanda para a utilização da Arena. “Desde que eu estou aqui, a única solicitação que tivemos foi para o show dos Scorpions, que acabou não se concretizando porque não houve acordo entre o poder público e os organizadores”, ressalta. Ele afirma que o estádio dispõe de uma área alternativa, hoje usada como estacionamento, que poderia ser utilizada dependendo do porte da atração. “O show do Scorpions inclusive, seria feito nesse local”, lembra. Já para usar a área do gramado, o buraco é mais embaixo: “Teria que haver 100% de garantia de que o evento não vá gerar qualquer prejuízo técnico para a equipe, afinal somos um clube de futebol”.

Mas ele lembra que há uma oportunidade única para fazer um grande evento na Arena. “Provavelmente no fim do primeiro trimestre, o estádio será fechado para as obras da Copa de 2014. Seria a hora certa de fazermos um grande show lá, já que não haveria a preocupação com o gramado e o local seria reformado mesmo. Minha sugestão é o U2”, diz.

Mas o local mais viável hoje em Curitiba é o BioParque. “Estamos dispostos a fazer parcerias nesse sentido, e abertos às propostas”, afirma Luiz Cláudio Mehl, um dos proprietários do terreno de 402 mil metros quadrados às margens da Avenida das Torres. “Mas, assim como fizemos com a RPC no Lupaluna, delegaríamos ao organizador a responsabilidade por todas as licenças e estudos de impacto. Também precisaria haver uma contrapartida ambiental, até pelas características do espaço. Foi assim com o Lupaluna e funcionou tudo maravilhosamente bem”. Ele até oferece um e-mail para quem tiver interesse em utilizar o terreno: lcmehl@gmail.com.

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E vocês, o que sugerem para que Curitiba volte a atrair grandes shows?