Ave, sedentos notívagos. Depois do Little Joy de Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti, uma outra banda gringa forma um pequeno oásis no deserto de atrações internacionais programadas para este primeiro semestre em Curitiba: o grupo nova-iorquino de “neodisco” Scissor Sisters será o convidado de honra na festa de encerramento do Festival de Teatro de Curitiba, no fim de março, em lugar ainda não definido. E depois faz um show único em São Paulo, em data e local a confirmar.
A notícia saiu esta semana no blog Popload, do jornalista Lúcio Ribeiro. Segundo ele, Jake Shears e companhia vão testar no Brasil as músicas do terceiro álbum da banda, a ser lançado este ano – com a responsabilidade de superar (ou pelo menos igualar) o bem-sucedido Ta-Dah, de 2006.
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Diversão, solução para os Titãs
Assisti ontem ao documentário dos Titãs, A Vida até Parece uma Festa, dirigido por Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves. É um registro bacana sobre a trajetória de uma verdadeira entidade do rock brasileiro surgido nos anos 80. Os fãs da banda e quem gosta do “BRock” vão adorar, é uma seleção criteriosa e muito bem costurada de mais de 300 horas de imagens de shows, bastidores, viagens, ensaios, reuniões de composição, sessões de estúdio, programas de televisão, entrevistas, férias e palhaçadas protagonizadas pelos oito titãs.
Tudo começou em 1986, quando Branco Mello usou parte do dinheiro que ganhou com o estouro de Cabeça Dinossauro para comprar uma câmera VHS – com a qual passaria a registrar todos os passos da sua banda a partir de então. “Aquilo tudo era muito louco, e eu sabia que era algo grande, então decidi gravar para um dia contar a nossa história”, relata o vocalista.
Dezessete anos depois, Branco convidou o cineasta Oscar Rodrigues Alves para ajudá-lo a concretizar o trabalho. Ao longo de seis anos, os dois – com a ajuda da mulher de Branco, a atriz Ângela Figueiredo, que assina a produção – assistiram e editaram todo o acervo, foram atrás de imagens de arquivo, providenciaram a remixagem e a remasterização do som e finalizaram o filme, que estreia em Curitiba na próxima semana.
Nesse processo de misturar as gravações de Branco Mello com imagens de arquivo, a dupla desencavou algumas preciosidades. Como uma das primeiras aparições da banda, em 1982, no Teatro Lira Paulistana, ainda como um noneto (com o vocalista Ciro Pessoa, que saiu antes da gravação do primeiro álbum, e André Jung na bateria – ele seria substituído no fim de 1984 por Charles Gavin, e se tornaria o baterista do Ira!) e o nome Titãs do Iê-Iê. Nessa gravação, que contém uma bizarra performance de Branco Mello, aparece também a primeira versão de “Bichos Escrotos” – um skazinho mequetrefe.
Outro momento impagável é a apresentação da banda pré-Titãs de Tony Bellotto e Marcelo Fromer, Trio Mamão e as Mamonetes, num programa de calouros numa tevê paulistana, o Olimpop, em 1980. Entre os jurados estava Wilson Simonal, que, num acesso de benevolência, deu nota 10 para o lamentável grupo. Antológicas também são as participações dos Titãs no quadro “Sonho Maluco”, de Gugu Liberato (no qual três deles salvavam uma fã de uma aranha gigante), e “Qual é a Música?”, de Silvio Santos. Sem falar nas imagens captadas nos programas do Chacrinha, Bolinha, Hebe, Raul Gil e no Perdidos na Noite, de Fausto Silva, e nos shows memoráveis, como os do Rock in Rio 2, em 1991, e do Hollywood Rock de 1994.
Também estão lá, mas retratados com serenidade, os momentos dolorosos da trajetória titânica, como as saídas de Arnaldo Antunes e Nando Reis, o aneurisma na aorta de Branco Mello e a morte do guitarrista Marcelo Fromer, atropelado por um motociclista em junho de 2001.
E cenas das entranhas da banda, como um esporro do produtor Liminha no baterista Charles Gavin no meio de uma sessão de gravação, ou uma reunião em que Sérgio Britto mostra aos companheiros o esboço de “Epitáfio”, que viria a ser o maior sucesso do álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana, de 2001.
Claro que o filme cria um retrato “positivo” dos Titãs – afinal, foi feito por um deles. E tem um olhar assumidamente subjetivo. Mas, ao mesmo tempo, é um registro único de uma banda brasileira com esse grau de proximidade. Mesmo no mundo, são pouquíssimas as bandas ou artistas com tantas imagens da sua intimidade. Portanto, se você é daqueles que consideram Branco Mello o backing vocal mais bem pago e superestimado do rock brasileiro, morda a língua: ele integra os titãs para torná-los imortais.
Eis o trailer do filme:
E por hoje é só. Bom fim de semana!
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