Aguerridos boêmios, ainda não foi desta vez que poderemos comemorar a reabertura da Pedreira Paulo Leminski – e a consequente reinclusão da capital paranaense no roteiro das grandes turnês internacionais –, como vocês podem conferir na matéria que saiu hoje na Gazeta do Povo, assinada pela minha amiga Aniela Almeida. A audiência de ontem pode ser definida como um empate com um leve sabor de vitória. Se a liberação ainda não aconteceu, pelo menos ficou acertada a realização de uma perícia técnica para subsidiar um futuro termo de ajustamento de conduta (TAC), que vai regulamentar a reabertura da Pedreira. Até a reunião de ontem, o promotor Sérgio Luiz Cordoni, representante do Ministério Público que encaminhou a ação dos 134 moradores do Abranches, sequer cogitava a possibilidade de qualquer tipo de acordo para reabrir o espaço.

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O juiz Douglas Marcel Peres determinou o envio de um ofício ao CREA, solicitando a indicação de profissionais da área de engenharia para a elaboração de um laudo, com especialização em acústica, segurança e urbanismo. Os representantes do movimento A Pedreira é Nossa! calculam que todo esse processo deva levar ainda uns seis meses. Na reunião, também ficou acertado que os eventos Paixão de Cristo, Auto de Natal e Movimento Fé Curitiba serão permitidos, com horário limite de encerramento para as 22 horas.

Na minha modesta opinião, essa história da perícia técnica é uma manobra protelatória do Ministério Público – até porque o promotor Cordoni já impugnou anteriormente um perito nomeado para o caso. Além disso, em qualquer lugar do Brasil, quem determina as condições de segurança e a capacidade de uma praça de espetáculos é o Corpo de Bombeiros. Quem afere as emissões de ruído é a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, e quem fiscaliza o trânsito e o estacionamento irregular é o órgão responsável, no nosso caso, a Diretran. E todos eles sempre são consultados antes da realização de qualquer evento, como informou na matéria o produtor Mac Solek, responsável pelo último grande show na Pedreira, a gravação do DVD do grupo Inimigos da HP, em agosto de 2008: “Para realizar um show precisamos de uma série de documentos e autorizações que atendem a todos os requisitos exigidos pelos órgãos públicos competentes, e que estão sendo questionados através da perícia”.

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O MP se aproveitou da inabilidade da Fundação Cultural de Curitiba na defesa da manutenção das atividades na Pedreira – e da sua incapacidade para demonstrar a importância do espaço nas áreas da cultura, economia e turismo – para ganhar mais tempo, e conseguir manter essa interdição absurda e anacrônica. E a capital do Paraná continua andando para trás, atolada no seu próprio provincianismo. Se é assim, proponho formalizar nossa vocação para cidade do interior, com a reintegração do Paraná ao estado de São Paulo. Pelo menos assim, a quinta comarca teria uma capital de verdade, moderna e cosmopolita…