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O mito do jabá

Saudações boêmios, notívagos e navegantes sem rumo. Mesmo empanturrado de afazeres (para a decepção dos que me consideram um desocupado frívolo movido a álcool), vou me esforçar para aumentar a freqüência de posts aqui neste querido pardieiro. E para começar, conforme o prometido, vamos ter aquela conversinha sobre o tal “jabá”.

Eu não admito esse tipo de coisa. Não existe a menor possibilidade de alguém pagar para eu publicar uma única linha na coluna ou no blog A Noite Toda. Como em todas as páginas do jornal ou do portal da RPC, existe a possibilidade de se veicular anúncios publicitários. Mas eu não tenho acesso, controle, ingerência ou responsabilidade sobre esses anúncios.

O cliente paga e a Gazeta publica a arte enviada pelas agências, dentro de determinados padrões técnicos e no espaço designado para a publicidade, numa negociação que envolve apenas o departamento comercial da RPC e o anunciante. Ou seja, mesmo que alguém queira patrocinar a minha coluna, eu não vou receber um único tostão por isso. A propósito: patrocínio, no nosso caso, significa reservar um espaço para um anunciante fixo, durante um determinado tempo.

Farei outra revelação que talvez os deixe chocados: eu tenho absoluta liberdade para decidir o que vai sair, seja na versão impressa da coluna, seja neste blog. E em nenhum momento, desde que eu fui convidado para tocar esse projeto, houve qualquer pedido, ordem ou sugestão para falar (ou não) dessa ou daquela festa, da casa A ou B, de determinada banda ou para fotografar sicrano ou beltrano. E também não há qualquer “boicote” às iniciativas do governo do estado. A Gazeta mesmo já falou muito do Fera. E falaria ainda mais se a Secretaria Estadual da Cultura (ou da Educação, que seja!) nos mantivesse informados.

Portanto, tudo o que saiu até hoje nas minhas duas páginas no Viver Bem e aqui no blog, fui eu que escolhi – ou a Jennifer Koppe, que me substiuiu quando eu tirei férias. Com que critério? Única e exclusivamente o interesse do leitor. Ou pelo menos o que eu imagino que vá despertar o interesse de quem me lê. E que, diga-se de passagem, nem sempre coincide com o que eu gostaria de ver – o que explica minhas incursões por baladas nas quais eu jamais pisaria como pessoa física, tipo o show do Bonde do Tigrão.

Mas uma coisa é fato: as grandes casas noturnas costumam aparecer com mais freqüência. E sabem por quê? Porque têm mais noção de marketing. Estão sempre inventando promoções, festas e atrações novas, ou promovendo reestruturações e reformas para chamar a atenção da mídia e manter o interesse do público. Dispõem de assessorias de imprensa sólidas, que promovem eventos e mantêm os jornalistas atualizados sobre suas ações. Isso é jabá? Não, é profissionalismo. Mas o raio de ação da assessoria de imprensa termina aí. Quem faz o juízo de valor e decide se vale a pena publicar sou eu.

Mesmo assim, sempre que eu fico sabendo de algum lugar bacana, com boa comida, atrações interessantes ou algum diferencial, eu divulgo. Não importa se é pequeno, longe, ou se não tem dinheiro para contratar um assessor de imprensa. Foi assim por exemplo com o Arte & Fato, que eu já tinha ido conhecer antes do comentário feito aqui pela Maria Cristina Soares, e assim será com o tal Bar do Teco, quando alguém (nem que seja o Google) me disser onde fica.

Outra coisa: Curitiba tem cerca de 550 bares e restaurantes filiados à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que estima em mais de 1,5 mil o total de estabelecimentos da cidade. É humanamente impossível eu saber tudo o que tem de bom nesse universo. Nesse sentido, vocês ajudariam muito se seguissem o exemplo da Alice, que deu uma dica concreta de um lugar que vale a pena conhecer. E Alice, pode avisar pro dono do Bar do Teco que eu vou aparecer lá um dia desses.

Quanto aos shows e espetáculos, é bom ficar claro: isso aqui não é um roteiro com tudo o que está acontecendo na cidade. Para isso existe o roteiro propriamente dito, produzido pelo Caderno G, e milhares de sites com a programação da semana. Eu me limito a pinçar algumas apresentações que considero interessantes, exóticas ou bizarras, para tecer alguns comentários. Essa semana foi a Invasão Sueca e os funkeiros, um dia pode ser o Moptop e o Dead Fish, sei lá. E vale o mesmo raciocínio dos bares: estejam à vontade para indicar shows e espetáculos que mereçam ser vistos.

Quero crer que essa teoria conspiratória sobre o jabá seja fruto de desinformação ou ingenuidade, conversa fiada para jogar fora em cantina de faculdade. Na minha época a gente pelo menos ainda fazia passeatas, gritando “Fora Rede Globo! O povo não é bobo!” – embora todos fôssemos telespectadores fiéis e recorrentes da emissora. Com relação à Gazeta do Povo, só quem não lê ainda não percebeu o quanto ela mudou.

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