Salve, meus boêmios de estimação! Chega de romance – até porque poucas pessoas se animaram a homenagear sua cara-metade com uma fotinho no maior jornal do Paraná. Portanto, em respeito à indiferença da maioria de vocês pelo cupido boêmio, não vai rolar a coluna especial sobre casais bem-sucedidos surgidos na balada.
E eu confesso que ando com uma preguiça soteropolitana de escrever – até porque este é o meu penúltimo dia de trabalho antes das férias. Sim, a partir de sábado, vocês vão ficar livres de mim por um mês. E, ao contrário do ano passado, quando escrevi dois posts durante o meu recesso, dessa vez não vou mover uma palha. Este território noturno ficará desativado na minha ausência.
Mas hoje eu vou acatar a sugestão que me deram no último post e elucubrar sobre o carnaval. O que essas cinco noites e quatro dias de euforia coletiva significam para você? O que você tanto festeja no carnaval? Qual é a graça de se arrastar em congestionamentos até a praia, para cair numa folia duvidosa? Ou você é daqueles que veem o carnaval apenas como o maior feriadão do ano, ideal para o extremo oposto da folia – ou seja, descansar?
Se a gente morasse em Salvador (já que falei em “soteropolitano”), Recife ou numa comunidade carioca representada por alguma escola de samba, estaríamos num estado de tensão e expectativa próximo do que nos acometia na infância, às vésperas do Natal. Nas capitais baiana e pernambucana e nos morros do Rio, o carnaval é o acontecimento da vida daquelas pessoas. Se vocês viram Ó Paí, Ó, sabem do que eu estou falando…
Mas, e aqui? Ao contrário do que eu dei a entender ali em cima, eu sempre adorei o carnaval. Gosto desse desregramento consentido, da atrofia (ainda que temporária) da patrulha moral, do alargamento dos limites, da boa vontade – e até da identificação – com os ridículos, os esquisitos e os diferentes. Teoricamente, somos todos mais tolerantes nos quatro dias de folia.
Só que aqui, debaixo do Trópico de Capricórnio, o carnaval sempre teve um gosto meio melancólico. Quando eu estava na escola, o reinado de Momo trazia um leve desespero pelo fim do verão, das férias e da alegria do final do ano – ao mesmo tempo em que me jogava na cara, em estado bruto, mais um ano em que ainda havia tudo para se fazer.
O pior é que eu (e muitos de vocês, creio) continuo tendo essa sensação no carnaval. Por isso fugimos desembestados para as praias, pulamos atrás de trios elétricos toscos com músicas horríveis, enchemos a cara, caçamos bocas e corpos como se estivéssemos à beira do apocalipse. Tudo para consumir até a última gota de alegria e liberdade antes da vida real, que chega na forma de mais um ano em que tudo ainda precisa ser feito. Aquele alívio do final do ano, a sensação do dever cumprido, escorrem por entre os nossos dedos junto com o suor, a cerveja, o confete e a serpentina. Exatamente por isso eu me programei para que o carnaval caísse no meio das minhas férias: para esticar um pouco mais a fantasia…
E vocês, o que têm a me dizer sobre a folia? Palavra-chave: “efêmero”…
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“MOMENTO MERCHAND”
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