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Boêmios do meu Brasil, como hoje é o Dia Mundial do Rock, resolvi dividir com vocês uma historinha que contei originalmente no Blog do Rock, da Mundo Livre FM, a pedido da minha amiga Carol Domingues:

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“O rock selou o meu destino. A frase pode soar meio exagerada, principalmente se você levar em conta que a minha profissão (pelo menos a regulamentada, com carteira) não tem relação direta com o rock. Mas se hoje eu sou pago para destrinchar a noite curitibana na Gazeta do Povo e aqui no blog, se dou dicas de baladas na Mundo Livre FM e se sou considerado um dos principais interlocutores com o público jovem da RPC, eu devo isso ao rock’n’roll.

Sim, porque eu fui convidado para assinar a coluna na Gazeta exatamente por ter uma banda de rock (a DeLorean é uma banda de rock. Quem já viu, sabe) e por gostar de sair à noite – quase sempre para lugares onde se toca rock. Tudo isso – a banda, as baladas, o meu gosto musical – são sequelas do raio que me atingiu quando eu tive o primeiro contato com as guitarras distorcidas, na adolescência.

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E olha que esse contato se deu por vias tortas – uma novela das seis da Rede Globo, exibida em 1989: O Sexo dos Anjos, de Ivani Ribeiro. O tal “raio” me atingiu quando eu via, distraído, um capítulo dessa novela. De repente, numa cena com Marilu, a personagem de Ana Borges, a tevê torpedeou-me com o riff de “Sweet Child O’Mine”, do Guns’N’Roses. Fui a nocaute. Não sosseguei até comprar o LP da trilha internacional da novela, para descobrir que música (e que banda) era aquela.

Considere que eu estava na pré-história, muito antes do Google, do MP3 e do MySpace. E que eu não tinha nenhum irmão ou primo mais velho, pai ou tio que gostassem de rock, para me iniciarem musicalmente. Por isso eu travei contato com o gênero numa novela, e por isso eu conheci e me tornei fã do Guns’N’Roses antes de saber quem eram Elvis, os Beatles ou os Rolling Stones.

E eu virei mais que fã. Tornei-me um devoto de Axl e sua turma. Fui atrás de todos os discos, gravei diversas fitas cassete, tirei todas as músicas e imitava a voz e os trejeitos do vocalista. Já na faculdade, sempre dava um jeito de cantar as músicas da banda, e foi numa dessas oportunidades (a capella com uma amiga, num karaokê que não tinha Guns no repertório) que um veterano me convidou para cantar na sua banda. Que era para ser de música própria, razão pela qual ele procurou diminuir minha fixação pelo Guns’N’ Roses e ampliar meus horizontes.

Toda semana, ele levava para a cantina uma fitinha cassete (a pré-história, lembra?) com toda a árvore genealógica do Guns: Aerosmith, Kiss, Alice Cooper… até o dia em que ele anunciou que a próxima seria do Led Zeppelin – de quem eu só tinha ouvido “Stairway to Heaven”, que por acaso estivera na trilha de outra novela, Top Model. Na inocência, eu pedi para ele gravar “o disco da Stairway to Heaven” e, no dia seguinte, nos primeiros segundos de “Black Dog”, fui atingido pelo segundo “raio” – e fiquei obcecado pela banda de Jimmy Page. Robert Plant desbancou Axl Rose do meu panteão particular, e lá fui eu tirar todas as músicas da banda inglesa, e tentar cantar o mais próximo possível dele.

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Não é que deu certo? Quando meu amigo finalmente desistiu de tentar fazer música própria (missão bastante ingrata na Curitiba dos anos 90), eu imediatamente sugeri que fizéssemos uma banda cover do Led Zeppelin. Estreamos numa quinta-feira de 1995, num festival de bandas do antigo Hangar Bar, que naquela noite estava praticamente deserto. Nossa carreira poderia ter terminado ali, não fosse pela nossa versão (com teclado e tudo) de “Kashmir”, que levou o Roy – que criou e vendia o famoso drink Capeta – a sair do bar para agitar sua cabeleira na frente do palco. Ele nos convidou para substituir outra banda cover do Led Zeppelin na noite seguinte, no El Potato Medieval. Na sexta-feira tiramos quase dez músicas (para o festival eram apenas três), para encarar um Potato lotado à noite. A galera curtiu, e ficamos tocando durante três anos nas duas casas, Hangar e Potato.

Naquele fim de semana eu descobri minha paixão pelo palco, e o resto é história: cantei em duas bandas de música própria (Stonehenge e Zaius), em 2001 montei outra banda tributo ao Guns’N’Roses e entre 2005 e 2006 formei a DeLorean – que, por sua vez, abriu muitas portas na Gazeta. Entendeu por que o rock traçou meu destino? Portanto, for those about to rock, we salute you!”

E vocês? O que o bom e velho rock’n’roll representa para vocês?