Descontada a pressa em se tornar visível a olho nu, o quinteto Terminal Guadalupe definitivamente é uma boa banda de rock de Curitiba. O show é energético, as músicas têm pegada, as letras tentam fugir do lugar comum, e Allan Yokohama é um autêntico guitar-hero.
O carro-chefe da “Marcha”, então, a faixa Pernambuco Chorou, é uma cacetada, com padrão artístico e condições técnicas de tocar em qualquer FM do país. O riff de Allan é urgente, hipnótico, daqueles de “soltar os bichos” e sair pogando pela casa. E se encaixa com perfeição à melodia e aos versos cantados com vontade por Dary Jr. – cuja voz no registro está cristalina, e bem distante do fantasma de Renato Russo, que andou rondando nos primeiros discos. E o refrão, com linhas melódicas entrelaçadas por Dary e Allan é impecável.
Também chama a atenção a bateria tonitruante de Fabiano Ferronato (foi mal aí!), forjada no estúdio Toca do Bandido. Sem dúvida uma das grandes músicas do ano no Brasil. E o clipe, gravado no presídio desativado do Ahú, em Curitiba, é de arrepiar – embora o conceito do homem aprisionado não seja original (lembra do clipe de The Unforgiven, do Metallica?).
A apresentação do Terminal tem uma pegada “ramônica”, como bem definiu o vocalista Dary Jr., com as músicas tocadas rapidamente e sem intervalo. O show é curto (imagino que de propósito, para deixar o “gostinho de quero mais”). E o público canta junto – algo difícil de se ver num show de música própria em Curitiba. Boa sorte e uma longa carreira aos invisíveis do TG. E também as minhas homenagens ao colega em dose dupla Dary Jr., que largou um emprego na Globo pelo sonho de ser rockstar….