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O triste fim da Rua 24 Horas
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Saudações, notívagos! Hoje vou acatar a sugestão de um leitor que me mandou um e-mail (que eu deletei sem querer, o que infelizmente me impede de identificá-lo) comentando a desativação da Rua 24 Horas, descrita na reportagem do colega Vinicius Boreki publicada no último dia 8.

Albari Rosa/Gazeta do Povo
A Rua 24 Horas hoje: descaso e abandono.

Depois de duas licitações malogradas (por falta de interessados), a prefeitura decidiu repensar o espaço, um dos principais cartões-postais de Curitiba. De acordo com a matéria, ainda não se sabe o que será feito, mas tudo indica que ela não vai mais funcionar ininterruptamente, e que a estrutura de metal tubular deve ser substituída por outro material – o que modificaria completamente a arquitetura do espaço. Ou seja, na prática, seria o fim da Rua 24 Horas como nós a conhecemos (aberta 24 horas por dia e com os indefectíveis arcos de metal).

Porém, como bem lembrou o Neto em seu comentário aí embaixo, a prefeitura de Curitiba desmentiu a matéria do Vinicius – apesar de a informação ter sido passada pela própria Urbs, responsável pela via – e garantiu que ela não será desmontada. Assegurou ainda que a estrutura tubular também será mantida. Só estaria faltando o projeto do Ippuc para dar início à revitalização da Rua 24 Horas. Seja como for, ela está fechada desde novembro de 2007, e hoje é o retrato do abandono.

Na sua mensagem, o leitor que levantou a peteca sugeria que iniciássemos uma campanha para “salvar” o espaço, a exemplo do movimento pela reabertura da Pedreira Paulo Leminski (que, aliás, segue a todo vapor, e do qual falarei em breve). Mas será que os curitibanos ainda precisam da Rua 24 Horas? Na era dos supermercados, padarias, cafés e restaurantes 24 horas (como o Babilônia), você sente falta dela?

Em 1991, quando o então prefeito Jaime Lerner inaugurou a Rua 24 Horas – o primeiro dos três grandes pontos turísticos construídos naquela gestão, que incluem ainda o Jardim Botânico e a Ópera de Arame –, praticamente nada ficava aberto em Curitiba depois da meia-noite. Eu fazia cursinho na avenida Vicente Machado, e passava por ali todo dia. Almocei inúmeras vezes naquelas lanchonetes. Nos anos seguintes, a 24 Horas era a rota obrigatória na ida e na volta das noitadas no Dolores Nervosa (depois Dromedário), Joe’s – acho que era esse o nome do boteco da escadinha, ao lado do posto na esquina da Comendador Araújo com a Brigadeiro Franco – e adjacências. Achava o máximo. Quantas fatias de pizza saboreei na Fábrica da Pizza, sandubas no Billy, quantas tulipas de chope sorvi enquanto esperava o madrugueiro que saía da Praça Rui Barbosa e me levava são (ou não) e salvo até a Santa Quitéria.

Apesar de toda essa nostalgia, nos últimos tempos eu raramente passava por lá. Por uma sucessão de fatores: meus bares preferidos na região fecharam as portas, eu conquistei a carta de alforria dos madrugueiros e o espaço entrou em franca decadência. E convenhamos, quem se arriscaria (e o termo é exatamente este) a fazer o fim de noite na Rua 24 Horas quando você pode passar no Au-Au, num costelão, no Franz Café ou no próprio Babilônia? Até o Gato Preto era mais atraente que a Rua 24 Horas nos seus últimos suspiros.

Por outro lado, acho uma pena que a cidade perca uma atração turística dessa magnitude. Para mim, a melhor solução seria revolucionar o espaço. Criar um novo projeto, com um novo conceito. Por exemplo: um boulevard gastronômico, com boxes temáticos e delícias típicas das diversas colônias de Curitiba. Mais ou menos uma versão repaginada e fixa da feirinha gastronômica do Batel, com suas barraquinhas de iguarias da Polônia, Japão, Chile, Bélgica, Itália, Índia, Bahia, Minas etc. Quem sabe os próprios feirantes não teriam interesse em tocar esses estabelecimentos… mas para isso o local teria que ser totalmente reformulado, com reforço na segurança e convênios com estacionamentos (uma das deficiências do espaço). E vocês, o que sugerem para a Rua 24 Horas? E o que ela representa para vocês?

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