Saudações, notívagos! Sei que a minha aparição aqui tem sido bissexta – por pura incompetência de conciliar minhas atividades –, mas hoje venho por uma boa causa: a reação (ainda que tardia) dos artistas e do público curitibano contra o absurdo fechamento da Pedreira Paulo Leminski.
Sim, porque nos próximos dias estão programadas duas manifestações a respeito: o show literalmente “desplugado” da banda Mordida no domingo, a partir das 16 horas, na própria Pedreira – conforme antecipou o meu amigo Lobão no seu Sobretudo; e uma grande apresentação promovida pelo movimento A Pedreira é Nossa! nas Ruínas do São Francisco, no próximo dia 12, a partir do meio-dia, reunindo as bandas Anacrônica, Gentileza, Supercolor, Big Time, Fabio Elias, R³, Blindagem, Pablo Portes, Lou Dog, Rosie and Me, Rodrigo Lemos e Jacobloco. Confira o vídeo do evento:
Escrevi “tardia” ali em cima porque eu mesmo venho batendo nesta tecla da importância da reabertura da Pedreira para a cidade desde o dia 5 de agosto de 2008 – na semana seguinte ao último grande show no local, a gravação do DVD da banda Inimigos da HP. Não que nada tenha sido feito desde então. Ao contrário: esses posts publicados em 2008 inspiraram o vereador Jonny Stica a criar em maio do ano passado o movimento A Pedreira é Nossa!, que reuniu produtores, empresários e representantes da sociedade civil, e resultou num abaixo-assinado virtual contendo cerca de 15 mil adesões, que foram anexadas ao processo da Pedreira.
Só que a coisa está emperrada. Em outubro eu descobri, conforme expliquei nesta matéria publicada no Caderno G, que a entidade encarregada pela 4ª Vara da Fazenda Pública de indicar os peritos que definiriam as condições da Pedreira e as normas para a sua utilização, o Ibape-PR, não tinha recebido nenhum comunicado oficial. O ofício só chegou no último dia 5, depois que o vereador Jonny Stica retirou uma cópia na 4ª Vara e a entregou pessoalmente no Instituto, que prometeu indicar os profissionais ainda este ano.
Portanto, diante de tanta enrolação, já estava mais do que na hora de a mobilização ir além da indignação virtual e das manobras jurídicas. No mês passado, fui procurado por Jonny Stica, que manifestou a intenção de promover um grande ato pela reabertura da Pedreira. O engraçado é que chegamos a considerar a ideia de fazer um “air show” (nos moldes das performances de air guitar) na Pedreira, mas ele e os representantes do movimento A Pedreira é Nossa! acharam melhor fazer uma apresentação tradicional, reunindo diversas bandas da cidade, na Boca Maldita. Como a Rua XV não pode ser utilizada, em virtude da programação de Natal do Palácio Avenida, o movimento conseguiu a autorização para fazer o evento no próximo dia 12, nas Ruínas do São Francisco, no Largo da Ordem.
A ação da banda Mordida e o seu recém-criado Movimento dos Sem Palco também são muito bem-vindos, assim como qualquer outra iniciativa que possa somar forças para devolver aos curitibanos o único espaço da cidade construído especificamente para receber grandes shows. Entendo que houve abusos no uso do local, que perturbaram a vizinhança e acabaram sendo o estopim para a interdição da Pedreira. Mas isso se resolve com punições mais severas para quem desrespeitar as regras, com pesadas multas e a proibição de realizar novos eventos, e não com o fechamento de um espaço público.
O que não pode mais acontecer é continuarmos sendo obrigados a viajar para São Paulo, Florianópolis ou Porto Alegre para assistirmos a shows que em outras épocas certamente passariam por aqui, como Paul McCartney, Black Eyed Peas, Bon Jovi, Beyoncé e Guns N’ Roses, para citar apenas alguns que vieram ao Brasil este ano. Enfim, seja no protesto da Mordida, seja no show do próximo dia 12 (ou, melhor ainda, em ambos), chegou a hora de mostrarmos a nossa indignação na “vida real”. E você, vai?
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