Alô, criançada! Feliz 2009! Bom saber que vocês sentiram a minha falta… eu também já estava com saudade. Fiquei devendo as baladas do Réveillon, mas tenho certeza de que vocês souberam o que fazer – ou o que NÃO fazer, se ficaram em Curitiba. Mas eu os abandonei por uma causa nobre: uns diazinhos de folga, depois de ter ralado muito para adiantar as colunas e a Revista da TV (sim, eu sou o editor responsável pelo suplemento de tevê da Gazeta) dessas duas semanas de festas. Nesse meio tempo, consegui me bronzear como um palmito, tomando chuva e condenado à programação da tevê aberta em Caiobá. Foi tanta chuva, vento e frio, que antecipei a volta para o sábado – mas pelo menos escapei do congestionamento.
Enfim, são águas passadas. E eu quero começar os trabalhos de 2009 perguntando quais as suas resoluções de ano-novo no quesito vida noturna. Que mico você pagou no ano passado, e não pretende repetir este ano? Que tipo de lugar vai frequentar (com dor no coração, deixei de usar o trema em obediência à nova convenção ortográfica), e quais os que você não pretende nunca mais pôr os pés? E por quê? Que pessoas gostaria de atrair, e de que malas quer distância?
Eu não tenho muita escapatória. Por causa da coluna, em 2009 continuarei sendo obrigado a aparecer em lugares nos quais eu jamais seria visto à paisana. Com músicas que eu não compreendo (ou simplesmente não gosto), DJs, duplas e bandas que eu não conheço e gente metida à besta. Mas ainda acho que vale a pena para observação e investigação antropológica – sem falar na matéria-prima preciosa para comentarmos aqui.
Eu já estou condenado, mas vocês ainda podem se salvar. Pensando nisso, fiz uma listinha de sugestões (SUGESTÕES, não mandamentos) para uma vida noturna mais “saudável” e menos estressante neste ano recém-nascido:
1) Conhece-te a ti mesmo. Olhe para si e perceba qual é a sua: que tipo de música faz a sua cabeça, como você gosta de se vestir, em que tipo de ambiente você se sente bem, aonde vão os seus amigos. E procure casas e festas compatíveis. Encarar baladas por status ou “modinha” é sinônimo de frustração, estresse e perda de tempo e dinheiro.
2) Não abandone as boas maneiras. Espere a sua vez, não empurre e use as “palavrinhas mágicas” que nossos pais nos ensinaram: “com licença”, “por favor”, “me desculpe” (expressão esta absolutamente indispensável quando você esbarrar, queimar com cigarro ou pisar no pé de alguém).
3) Trate os funcionários como você gosta de ser tratado. Seguranças, recepcionistas, garçons, cozinheiros, barmen, atendentes, gerentes, caixas, encarregados da limpeza e manobristas são trabalhadores contratados pelas casas noturnas – não seus serviçais. Enquanto você se diverte, eles passam a noite toda trabalhando, atendendo bêbados e toda sorte de inconvenientes. Não seja mais um…
4) Se você é homem e tem dinheiro, não tente comprar a companhia das mulheres com baldes de vodca, champanhe, whisky com energético ou acesso a camarotes. Conteúdo, espontaneidade, inteligência, senso de humor e um papo interessante vão atrair aquelas que valem a pena. Se você é mulher, dê-se o devido valor: não se venda por álcool ou pulseirinhas VIP.
5) Não assedie quem está acompanhado. A maioria esmagadora das brigas em bares e botecos tem como estopim o desrespeito (real ou suposto) a um casal. Portanto, segure a sua onda. Se a pessoa estiver acompanhada, não encare e mantenha distância – mesmo se ela corresponder ou se for a Angelina Jolie.
6) Repare menos e se divirta mais. Às vezes eu tenho a impressão de que o esporte favorito do curitibano é fazer pose, “medir” de cima a baixo e falar mal dos outros. Canso de ver gente parada nas pistas de dança (!) ou encostada nas paredes, bebericando e “avaliando” as outras pessoas. Parece que todo mundo aqui é especialista em moda ou jurado de concurso de beleza. Pobres criaturas: não desmancham um fio de cabelo, não derramam uma gota de suor, mas duvido que se divirtam de verdade. E ainda vão se afogar no próprio veneno…
7) Respeite a lei do silêncio. Bares, casas noturnas e até a Pedreira Paulo Leminski já foram fechados por causa das reclamações dos vizinhos. Muitos deles exageram, mas não teriam do que reclamar se a entrada e a saída das baladas fosse mais “civilizada”. Restrinja a festa e a algazarra para o espaço interno das casas, que normalmente têm isolamento acústico. Ah, exibicionismo ao volante – freadas e arrancadas barulhentas – também é patético.
E vocês, o que me dizem? Que atitudes ou resoluções vão nos estimular a continuar caindo na gandaia em 2009?