Salve, meus boêmios de estimação! Ok, não foi aquele mar de gente que tomou conta das Ruínas do São Francisco no show do Pato Fu, durante a Virada Cultural. Mas dá para dizer que o show pela reabertura da Pedreira Paulo Leminski, organizado pelo movimento A Pedreira é Nossa!, foi um sucesso. Tanto pelo público (cerca de 1,5 mil pessoas, segundo a organização), como pelas atrações, que ajudaram a criar uma atmosfera contagiante.
As 11 apresentações foram perfeitas, e o clima era de total harmonia entre todas as tribos, que se juntaram no domingo para exigir a volta daquele que é o mais original e criativo espaço para shows do Brasil. Reproduzo abaixo as minhas impressões sobre o evento, que saíram na Gazeta de hoje:
Show nas Ruínas reúne todas as tribos pela volta da Pedreira
Luigi Poniwass
Foi um domingo de lavar a alma. Literalmente. A partir das 12 horas do dia 12/12, 12 bandas (ou melhor, 11, já que o Blindagem não apareceu) se revezaram no palco montado nas Ruínas do São Francisco para tocar de graça, em apoio ao movimento A Pedreira é Nossa!, que desde o ano passado luta pela reabertura do espaço – interditado desde 2008 por decisão judicial.
Segundo a organização, cerca de 1,5 mil pessoas estiveram no local, enfrentando sol forte, calor e depois a chuva que caiu no meio da tarde para assistir às apresentações. Por volta das 16h20, quando a última banda, Djambi, encerrou o seu show (que já havia sido estendido), as arquibancadas ainda estavam lotadas. Ou seja, se houvesse mais bandas, a galera certamente teria ficado até o anoitecer.
E foi gente de todas as idades, estilos e tribos. Crianças graciosas dançavam na frente do palco, ao lado de punks, metaleiros e dos “malucos do Largo”. Até o dançarino de peruca que anima as portas das lojas do Centro deu as caras por lá. Nas arquibancadas, roqueiros dividiam espaço com indies, descolados, nerds, neo-hippies, regueiros, fãs do sertanejo, adeptos do samba-rock, tiozões e até “gente normal”.
No palco rolaram alguns momentos inesquecíveis: a Banda Gentileza com sua hilária versão de “Living on a Prayer”, do Bon Jovi; Xandão, guitarrista d’O Rappa, tocando Barão Vermelho com a banda Supercolor; os espirituosos cartazes de protesto levados por Rodrigo Lemos (em um deles se lia “Silêncio, boy dormindo!); Fábio Elias, autor do jingle da campanha, paramentado no melhor estilo cowboy urbano, cantando “Ciumenta”, de César Menotti & Fabiano, e “Boate Azul” emendada com “Fio de Cabelo”, clássico do Chitãozinho & Xororó; Anacrônica interpretando “I Wanna be Sedated”, dos Ramones; a galera cantando “A Barca” com a Djambi; e o impecável minishow da Rosie and Me, uma das mais promissoras bandas da cidade.
Depois da maratona, ficou a certeza de que o público curitibano merece a Pedreira de volta. E mais: que eventos como o de anteontem, com excelentes bandas curitibanas tocando de graça nas Ruínas, aconteçam todo domingo. Ou pelo menos uma vez por mês…
***
Agora é esperar que a Justiça leve em consideração o clamor das ruas e devolva aos curitibanos o seu principal espaço para grandes eventos, como lembra Fábio Elias: “Acredito no bom senso. Curitiba precisa de um espaço ao ar livre para grandes shows, e ninguém pode tirar esse cartão postal das pessoas. A vontade da maioria deve prevalecer sempre”, argumenta. “Se liberam [jogos nos] estádios de futebol toda semana, por que não liberar a Pedreira para shows de vez em quando?”
“Foi uma prova de que nós curitibanos precisamos e queremos cultura e apresentações na cidade, na rua, em qualquer lugar. E a Pedreira, sendo um espaço público, um dos maiores símbolos culturais de Curitiba, não pode permanecer fechada”, emendou o vereador Jonny Stica (PT), um dos idealizadores da campanha. Ele manifestou confiança num acordo que regulamente a volta dos eventos ao local: “Estamos na fase pericial no momento. Mas tanto os moradores do entorno quanto os produtores já concordaram numa regulamentação, para que ninguém seja prejudicado”.
Mas a melhor descrição do show das Ruínas foi feita pelo cartunista Solda, amigo pessoal de Leminski: “É emocionante ver tanta gente reunida, pedindo a volta de um espaço que ostenta o nome de um dos maiores artistas que Curitiba já teve”.
E você, o que acha? Quais os próximos passos na luta pela reabertura da Pedreira? O que podemos fazer pela causa? Desembuche aqui embaixo!
Governo pressiona STF a mudar Marco Civil da Internet e big techs temem retrocessos na liberdade de expressão
Clã Bolsonaro conta com retaliações de Argentina e EUA para enfraquecer Moraes
Yamandú Orsi, de centro-esquerda, é o novo presidente do Uruguai
Por que Trump não pode se candidatar novamente à presidência – e Lula pode
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião