Digníssimos seres da noite. Não, eu não estava em coma, nem em turnê com a DeLorean, nem hibernando. Mas como o assunto do último post rendeu, não quis desviar nem interferir na discussão. E mais uma vez vocês leitores pautam este blogueiro, e indicam o caminho da próxima reflexão.
Confesso que fiquei assustado com alguns dos comentários que li, e com o grau de intolerância que denunciam. Respostas furiosas, defendendo tacanhamente a “Curitiba para os curitibanos” e exumando slogans da ditadura militar (“ame ou deixe”), me fizeram sentir pena desses jovens – creio que sejam jovens – incapazes de aceitar a diferença.
Parece que há uma febre de sectarismo, uma necessidade de se distinguir e de satanizar OS OUTROS (copyright by Lost), aqueles que se atrevem a ter uma opinião diferente da nossa. E é esse o combustível dos regimes totalitários.
Se bem que, relendo o segundo parágrafo deste texto, também eu fui sectário, ao me distinguir “daqueles jovens”. Mas aqui vai o mea-culpa: sim, já fui (e ainda sou, muitas vezes) intransigente e inflexível. Mas estou tentando melhorar…
Para mim tudo se resume àquela frase cujo autor me escapa (procure no Google), “defenderei até a morte o seu direito de discordar de mim”. E ser tolerante não significa não ter vontade ou opinião própria e não ser capaz de defendê-las.
Por exemplo, não gosto de música sertaneja (mas respeito muito a regional, “caipira”, de raiz), nem de pagode pop ou música eletrônica – juro que já tentei compreendê-la, mas para mim parece outro idioma musical. Mas os ossos do ofício me levaram a freqüentar esses lugares e conversar com pessoas dessas tribos, que muitas vezes se mostraram mais acessíveis e civilizadas do que os roqueiros (alternativos ou não). Aliás, generalizando mais uma vez, nada mais chato que roqueiros militantes.
Para terminar, e parafraseando Martin Luther King, eu tenho um sonho: o de que um dia os seres humanos (e os curitibanos em particular) percebam as pessoas por trás das suas preferências ou do local onde nasceram. E agora me sujeito ao julgamento de vocês…
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