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Você PRECISA ver essa ópera
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Ave, notívagos! Meus amigos Márcio Renato dos Santos e Cristiano Freitas já falaram desse assunto nos blogs do Caderno G e da Gazetinha, respectivamente, mas tive a necessidade de dividir com vocês as minhas impressões. Até porque o Vox Pop também já falou sobre o Curitiba Calling, outro assunto que eu gostaria de abordar. E, por incompatibilidade estética, não tenho como discorrer sobre o ultra badalado Curitiba Country Festival, que acontece amanhã.

Voltemos pois ao assunto requentado: talvez seja ignorância minha, ou falta de bagagem cultural, mas sempre achei ópera um porre. Chato pacas. Por isso torci levemente o nariz quando me convidaram para ver a Ópera Atômica – As Sete Caras da Verdade, espetáculo da Cia. Regina Vogue em cartaz até domingo no Teatro Regina Vogue (Shopping Estação), às 19 horas, na mostra Fringe do Festival de Teatro de Curitiba.

Divulgação
Em primeiro plano, Maurício Vogue (com seu revólver de papel) e Rosana Stavis: perfeitos.

Só que as pessoas envolvidas no projeto – o gaúcho Nico Nicolaiewsky (metade do Tangos & Tragédias), Regina e Maurício Vogue, Rosana Stavis, Gilson Fukushima, entre outros – são muito talentosas para embarcar numa canoa furada. E me convenceram a assistir à tal ópera.

Fiquei de queixo caído. O espetáculo é sensacional. Tudo é muito bom. E olha que tinha tudo para dar errado: uma ópera cômica, no Fringe, com texto inédito, música ao vivo, doze atores-cantores em cena, coreografias intrincadas, diálogos (quase todos cantados, lógico) complexos e intensa atividade corporal. E funciona como um relógio. São 40 minutos extremamente agradáveis, leves, engraçados.

A história em si não tem nada demais: o protagonista (Rodolfo, vivido com brilhantismo por Maurício Vogue) mata um homem (Daniel Siwek, que é assassinado logo no começo da peça e permanece imóvel em sua maior parte), julgando ser Alencar. Mas descobre em seguida que o verdadeiro Alencar é o Narrador (Paulo Barato, impecável), e resolve completar o “serviço”. É quando entra em cena a magnífica Rosana Stavis, que faz a mulher do Narrador. Ela já chega despejando uma fala inacreditável, que mais parece um repente no meio da ópera. E arrebata o público cantando (lindamente, por sinal), dançando e com suas gags precisas e perfeita expressão corporal.

O pulo do gato da Ópera Atômica é a maneira como essa história de crimes equivocados é contada. O texto torna a opereta acessível, irreverente, quase uma história em quadrinhos. Os músicos (ótimos) interagem com o elenco, e há uma série de sacadas cênicas geniais – como a “parede ambulante” na qual Rodolfo bate a cabeça, a tempestade com raios de papel e trovões de chapas de aço e a “areia movediça” representada por um sofá inflável. Sem falar no impagável “merchandising” de agradecimento à Prefeitura Municipal de Curitiba e sua Lei de Incentivo – que de fato ajudaram a financiar a montagem.

Não por acaso, o autor Nico Nicolaiewsky exibia um sorriso de orelha a orelha quando foi chamado ao palco, no fim da sessão de estreia. Assim como as mais de 300 pessoas que lotaram o teatro. Eis uma peça que merecia estar na Mostra Oficial, e que tem tudo para ter uma carreira longa e brilhante em qualquer palco do país. Já eu me sinto honrado e orgulhoso por ter artistas do nível de Maurício Vogue, Rosana Stavis e Paulo Barato entre nós.

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A propósito, o Curitiba Calling está sendo transmitido ao vivo pelo Mondo Bacana, o site do incansável Abonico Smith.

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