O ditado popular é claro: “mar calmo nunca fez bom marinheiro”. E em tempos de guerra, o mar revolto é justamente o momento em que muitos homens e mulheres se colocam à prova por sua bandeira.
Neste dia 21 de fevereiro, uma data emblemática para os brasileiros, praticamente passou em branco: 74 anos da tomada de Monte Castelo, ou seja, da vitória brasileira na missão que participaram os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália, em meio a Segunda Guerra Mundial.
Há 74 anos, em 21 de fevereiro de 1945, os brasileiros que estavam sob comando do general Mascarenhas de Moraes resolveram ousar na tática para romper a defesa alemã que tudo via do Monte Castelo. Era um importante ponto geográfico para manter o domínio da região do Vale do Pó com os nazistas.
Quatro tentativas anteriores haviam fracassado e cerca de 400 brasileiros já haviam morrido. Isto é: errar novamente não era uma possibilidade. Assim, em duas frentes, com terceira assistência dos americanos, tomaram Monte Castelo.
Ao todo, durante a ação da FEB na Itália, cerca de 20 mil alemães se renderam aos pracinhas.
Ainda assim, o horror da guerra deixou 2 mil brasileiros mortos em combate ou em decorrência dos ferimentos. Some a isso, o frio e as condições adversas de clima, a escassez de recursos, a barreira do idioma e a distância de casa e dos entes queridos.
E, ao voltar, ainda houve o sofrimento e abandono financeiro pelos serviços prestados. Talvez estas tenham sido as cicatrizes finais nos corpos dos Expedicionários.
Mas um desses pracinhas, seo José Marino, resolveu mudar a forma de como lidar com esse impacto negativo e resolveu transformar o amargo da guerra em doces versos.
Para este repórter, que escreve essas linhas, ter conhecido o soldado que viveu em Araraquara, no interior paulista, agregou para a alma. Isso porque pelos idos de 2011, aos 91 anos, Marino resolveu tirar a poeira de seus versos e transformar em livro. Para que todos soubessem que qualquer guerra tem fim.
Por isso, nessa data praticamente esquecida, revisitei meu baú de memórias jornalísticas para reencontrar-me com José Marino em uma reportagem daquela época, feita para os extintos jornal Tribuna Impressa e portal Araraquara.com. Assista abaixo:
Fonte: acervo Fernando Martins
Quando fiz essa reportagem, há oito anos, prometi que voltaria para contar a história de José Marino em um livro. Eu e o colega jornalista Matheus Vieira, que à época produziu esse material, contaríamos a história do pracinha poeta e suas memórias de ter servido ao Brasil.
O tempo verbal, no passado, infelizmente não está errado: seria a história de seus relatos, não fosse os adiamentos da vida profissional, que me impediram de tocar o projeto, até a notícia de sua morte, aos 98 anos, em 31 de dezembro de 2018.
Se a ideia do livro fora sepultada, ao menos mantenho outra memória de José Marino e seus companheiros araraquarenses de FEB, Antonio Motta e Sebastião Pires, sobre a 2ª Guerra Mundial. Confira abaixo:
Fonte: acervo da extinta TVAra
Hoje são pouquíssimos os pracinhas vivos e que ainda são lembrados, mesmo que em pequenas homenagens em seções militares Brasil afora. A impressão que se dá é a de que lá na Itália, as reverências são mais sinceras e relevantes.
O que é uma constatação triste e horrorosa, com o sabor da guerra, ao saber que perdemos dia a dia a batalha pela preservação da nossa história e pelo respeito a quem tanto fez pelo nosso Brasil.
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