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A face do desemprego no Brasil: jovens negros com baixa qualificação e arrimo de família

Novos dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram cenário de grave preocupação sobre o desemprego no Brasil.

Antes dos atuais números, vale lembrar que recentemente foi anunciado que a taxa de desemprego média no país no 1º trimestre subiu para 12,7%, atingindo 13,4 milhões de brasileiros. Esse é o maior índice de pessoas sem emprego formal desde o trimestre terminado em maio de 2018.

O novo dado desta quinta-feira mostra que o tempo de espera por recolocação é muito grande. O IBGE diz que 5,2 milhões de desempregados procuram emprego há mais de 1 ano. Ou seja, mais de 12 meses sem um emprego formal. Esse número representa quase 40% dos desempregados no Brasil.

Outros 25%, ou seja, 3,3 milhões de pessoas, estão desocupadas há dois anos ou mais. Isso mostra, de acordo com o IBGE, que esse índice aumentou quase 10% na comparação com o 1º trimestre de 2018.

André Perfeito, economista-chefe da Necton fez uma análise exclusiva para o blog ‘A Protagonista’ sobre esse cenário. “A taxa de desemprego cresceu. Isso é reflexo, dentre outras coisas, do processo de desaceleração ainda bastante evidente da demanda. Mais que o desemprego, basta ver que a massa salarial não subiu em termos reais e consumo frio”, diz.

Segundo o economista, todo esse cenário soma às evidências de desaceleração econômica e tem feito a revisão do PIB. “Eu mesmo faço projeção de apenas 0,9% para esse ano e é muito preocupante. Isso faz os investidores ficarem cautelosos quando ao que vem pela frente”, acrescenta.

Ao pensarmos em termos geográficos, o desemprego cresceu em mais da metade do País, ou seja, em 14 estados no 1º trimestre de 2019.

As maiores taxas de desemprego vêm de estados do Norte e Nordeste brasileiro. No Amapá o índice é de 20,2%, seguido da Bahia com 18,3% e Acre 18%. Na outra ponta estão os três estados do Sul do Brasil: Santa Catarina com 7,2%, Rio Grande do Sul 8% e Paraná (empatado com Rondônia) com 8,9%.

Em outro recorte, analisando gênero e faixas etárias, é visível que o desemprego é maior entre jovens e negros. O maior contingente de desempregados tem entre 25 e 59 anos (57,2%).

Mais especificamente: um grupo fortemente afetado pela crise do mercado de trabalho é o de homens adultos, pretos ou pardos, e em especial nos estados do Nordeste. Em geral, pessoas menos qualificadas, arrimos de família, que eram operários industriais, da construção civil ou do campo, que hoje vivem de bicos e outros trabalhos que deixam empoeirada em casa a carteira de trabalho.

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