A possibilidade de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) seja candidato nas eleições de 2018 tem gerado transtornos ao seu partido. O ex-governador Geraldo Alckmin, presidente nacional da legenda, disse em entrevista na quarta-feira (17) que seria “ideal” que Aécio ficasse de fora das eleições. Em resposta, o senador disse que “isso será resolvido pelos mineiros”.
Aécio se tornou um incômodo para o PSDB desde que a delação premiada da JBS se tornou pública, em maio do ano passado. Os áudios mais do que comprometedores contra o tucano destruíram a sua imagem de ex-governador e candidato a presidente com mais de 51 milhões de votos em 2014. Ele deixou a presidência do partido e foi vaiado na convenção nacional tucana. Sua situação ficou ainda mais delicada com a decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) de torná-lo réu, justamente por causa do caso JBS.
São poucos os tucanos que defendem publicamente o senador. A maioria tem buscado evitar que os problemas de Aécio respinguem em sua imagem. “A lei tem que valer para todos. Nós não podemos partir do pressuposto, ou admitir, dois pesos e duas medidas. Pau que dá em Chico dá em Francisco. Os fatos imputados contra o senador Aécio Neves são gravíssimos”, disse o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) em vídeo que divulgou nas redes sociais.
No âmbito local, porém, a análise de que a candidatura de Aécio é uma decisão individual tem prosperado. “O Aécio é uma pessoa que é respeitada por nós e caberá a ele decidir. Se ele entender que, para que ele priorize a sua defesa, que seja melhor ele abrir mão de uma candidatura, será respeitado por nós. Se, por outro lado, ele desejar exercer uma candidatura, tem toda a legitimidade”, disse o presidente do PSDB-MG, deputado federal Domingos Sávio.
Um discurso que tem sido adotado por tucanos, para tentar minimizar os impactos da crise, é o de que o prejuízo que o caso Aécio deu ao PSDB já estaria precificado – ou seja, não haveria como a situação piorar. “O desgaste desse processo já está incorporado ao PSDB. Aécio já estava sendo tratado pela mídia como se ele já fosse réu. Politicamente ele já tava condenado”, disse o deputado Silvio Torres (PSDB-SP).
Nos bastidores, tucanos dizem que as declarações de Alckmin podem ter tido efeito reverso, e impulsionado uma eventual candidatura de Aécio. O senador estaria estimulado a dizer que não está morto politicamente e que não aceitaria, sem contestação, uma ordem vinda de cima.
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