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PSTU e PCO têm muitas semelhanças. Os dois partidos são classificados como de extrema esquerda, seguem a ideologia marxista, foram fundados por militantes expulsos do PT e costumam ter votações baixas – atualmente, não contam com nenhum representante no Congresso Nacional.

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No entanto, um tema recente está causando uma grande diferença entre as duas legendas: o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, previsto para a próxima quarta-feira (24) em Porto Alegre. Enquanto o PCO se coloca na linha de frente da defesa do petista, com a participação em caravanas e a criação de comitês, o PSTU trata o caso com indiferença, deixando claro que considera o ex-presidente um político similar aos de outros partidos.

Para o presidente nacional do PSTU, Zé Maria, o PT e outros partidos de esquerda mostram incoerência ao marchar ao lado de Lula. “Não faz sentido falar, agora, em violação de direitos humanos e do estado de direito. Afinal, o Lula é responsável por uma boa parte das pessoas que estão nas cadeias pelo país afora. Então se é para fazer uma campanha pelo estado de direito contra os abusos da polícia e da justiça, comecemos por essas pessoas, que ele ajudou a botar na cadeia”, afirmou Zé Maria, que também chamou os atos pró-Lula de “campanha eleitoral antecipada”.

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Já para Antonio Carlos Silva, dirigente do PCO, o processo judicial movido contra o ex-presidente é “político” e “não foi feito com base em dados e provas”.

Silva destaca que, embora o PCO seja crítico dos programas de governo do PT – o partido foi formado de uma dissidência expulsa da legenda de Lula – a sigla entende que a defesa do ex-presidente “é o melhor para a classe trabalhadora”. “Nós temos diferenças com o Lula, não votamos nele e nem na ex-presidente Dilma, mas entendemos que, acima da diferença política estão as necessidades da maioria do povo brasileiro, da nação que está sendo atacada”, acrescentou.

Golpe
Silva endossa uma opinião comumente emitida entre os dirigentes e simpatizantes do PT: a de que uma eleição presidencial que não conte com a participação do ex-presidente Lula seria ilegítima. “O processo contra Lula é uma sequência do golpe de estado”, diz, também se referindo ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Não conseguiram provar que Dilma roubou sequer um grampo do Palácio do Planalto, e todos os que votaram pelo impeachment são ladrões envolvidos em todo tipo de falcatrua”, reforçou. Silva disse ainda que é possível que o PCO apoie formalmente Lula nas eleições desse ano – o tema será debatido em convenção do partido.

Já a visão de Zé Maria é também oposta em relação a essa ótica. Segundo o presidente do PSTU, a ideia de “golpe da direita” não faz sentido porque, na opinião dele, Lula e o PT são iguais à “direita” que dizem combater.

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“Isso [a ideia de golpe] é uma falácia. O que eles chamam de ‘ofensiva conservadora’ é um grupo de políticos que, antes, eram todos parte do governo do PT”, disse.

Candidatura
Um ponto de convergência entre PSTU e PCO, entretanto, aparece em relação à candidatura de Lula nas eleições de 2018. “Eu não sou a favor de que o Lula seja tirado, no tapetão, das eleições. Eu acho que ele tem que ser candidato e apresentar seu programa. Nós vamos apresentar uma candidatura contra a dele, contra as candidaturas do PSDB, da direita que tá aí. Nós achamos que ele tem que fazer a mesma coisa. E a população que tem que decidir”, disse Zé Maria.

Para Silva, a proibição da candidatura de Lula seria uma “antecipação do golpe”: “com a Dilma, eles cassaram depois o voto de milhões de brasileiros. Agora, querem cassar o voto antes, logo neste momento em que Lula lidera as pesquisas e é o líder político mais popular do Brasil”.