
A dianteira que Jair Bolsonaro (PSL) detém sobre Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial é ainda maior se considerada apenas a população evangélica. Neste grupo, a preferência por Bolsonaro foi identificada como em 71% pelo Datafolha, em pesquisa divulgada no dia 18, e de 59%, no último levantamento do Ibope.
O candidato do PSL recebeu o apoio de líderes evangélicos de grande expressão, como o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. No entanto, para o deputado federal João Campos (PRB-GO), da bancada evangélica da Câmara, a adesão dos protestantes a Bolsonaro se dá de forma espontânea.
“Houve uma convergência natural. Não foi uma articulação de diversos líderes evangélicos, de se entenderem entre si, de ‘vamos por aqui, vamos apoiar um candidato de direita’. Não. O próprio membro da igreja, de forma espontânea e natural, foi observando que as teses, os conceitos do candidato Jair Bolsonaro identificavam com aquilo que ele defende. E que as teses defendidas pelo candidato Haddad, do PT, não convergiam. Então houve um processo, portanto, natural”, declarou. Entre os princípios indicados por Campos estão o combate ao aborto e à ideologia de gênero e a defesa do que o deputado chamou de “família tradicional”.
“Bolsonaro não defende valores cristãos”
Minoritários, os evangélicos que declararam voto em Haddad apontam para posturas polêmicas de Bolsonaro, como a defesa do torturador Carlos Brilhante Ustra e do regime militar brasileiro.
“A Bíblia, em toda a sua extensão, fala da defesa das minorias. Além disso, a frase ‘bandido bom é bandido morto’ não se encaixa com o que dizia Jesus; mais razoável seria ‘bandido bom é bandido regenerado’. Bolsonaro não defende os valores cristãos”, disse o pastor Levi Araújo, da Igreja Batista da Água Branca (IBAB), em São Paulo.
Para ele, a defesa que evangélicos apresentam de Bolsonaro é pautada, entre outros motivos, por notícias falsas – como o “kit gay”, que teria sido encomendado por Haddad quando ele era ministro da Educação do governo de Dilma Rousseff.
“Há uma preocupação de que, passada a eleição, se instale um clima de perseguição entre os líderes que não votaram em Bolsonaro”, afirmou.
Os evangélicos correspondem atualmente a cerca de um quarto da população brasileira. A bancada evangélica da Câmara tem 199 deputados, contando os em atividade e os que estão na suplência.
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