Simpatizante de Bolsonaro defendendo legislação do feminicídio, representante do MDB dizendo que não sabe se vai votar em Meirelles e candidata do PROS afirmando que tem “autorização” do partido para não apoiar Lula e o PT, com quem sua legenda se coligou nacionalmente. O primeiro debate na TV com os candidatos ao governo do Distrito Federal, promovido pela Band na noite da quinta-feira (16), revelou algumas medidas do descompasso entre as propostas nacionais e regionais de políticos e partidos.
O candidato do DEM, Alberto Fraga, enfatizou, durante o debate, o fato de ser um dos responsáveis pela lei do feminicídio. A legislação foi ironizada recentemente pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que disse que as mulheres “se sentem mais protegidas com uma pistola na mão do que com a legislação no bolso”. Fraga declarou apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), mas até pouco tempo marchava ao lado de Bolsonaro e é um dos membros mais importantes da chamada bancada da bala, o grupo do presidenciável no Congresso.
“Bolsonaro disse que uma lei que pune o feminicídio daria um tratamento especial para as mulheres. Mas isso não tem nada a ver. Nós sabemos que as mulheres estão sendo perseguidas e assassinadas em nosso país, então nós temos que ter alguma coisa para servir de fator inibidor”, disse o candidato, em entrevista após o debate.
Também na conversa com os jornalistas depois do confronto com os outros candidatos, Ibaneis Rocha (MDB) disse: “ainda não consegui identificar nos presidenciáveis o que tem a melhor proposta”. Sua legenda lançou ao Planalto o ex-ministro Henrique Meirelles, que tem patinado nas pesquisas de intenção de voto, e em quem Ibaneis disse não saber se vai votar. “Ele é um bom candidato, mas tem algumas coisas nele de que não concordo”, destacou.
Durante o debate, o emedebista disse não representar “os 50 tons de Temer” – ironia lançada pelo presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) e reiterada por Júlio Miragaya (PT) durante o encontro desta quinta. “Me filiei a um partido, não me filiei ao que o passado desse partido fez”, afirmou. Aos jornalistas, Ibaneis disse que o presidente da República “assumiu o Brasil num momento de grande divisão” e que tal cenário “impediu que ele fizesse o que tem de melhor, que é o diálogo com o Congresso Nacional”.
Já Eliana Pedrosa (PROS) comentou o fato de seu partido estar coligado com o PT na candidatura presidencial. A candidata construiu sua carreira em siglas de centro-direita e faz, constantemente, críticas às gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “[A aliança PROS-PT] Foi uma posição nacional do meu partido, a que não estou submetida. Obtive essa autorização do presidente do meu partido. Não tenho nenhum atrativo em relação a uma possibilidade de votar no candidato do PT”, destacou.
A corrida pelo governo do Distrito Federal se mostra indefinida até o momento. Pesquisa encomendada pelo Correio Braziliense e divulgada pelo jornal nesta quinta-feira (16) aponta que o quatro primeiros colocados estão empatados tecnicamente. O atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), soma 12,3% das intenções de voto. Eliana Pedrosa tem 12,1%, seguida de Rogério Rosso (PSD), com 8,5%, e Alberto Fraga, com 8,4%. O registro da pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) é o DF-03100/2018. O levantamento produziu 1.231 entrevistas, entre 10 e 13 de agosto. A margem de erro é de 3% e o intervalo de confiança é de 95%.
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