Tem novidade chegando no cenário político brasileiro. A UDN, União Democrática Nacional, que durou 20 anos entre 1945 e 1965 está de volta. Desta vez, segundo seus artífices, com nova roupagem e os mesmos ideais.
Em 1945, com orientação conservadora, o partido surgiu como séria oposição ao populismo de Getúlio Vargas. Ao longo de sua existência ficou como o segundo maior partido do Brasil, perdendo apenas para o rival de sempre, o Partido Social Democrático.
Apenas perdeu espaço para o Partido Trabalhista Brasileiro em seus anos finais. Na verdade, anos finais de todos os partidos, uma vez que o Ato Institucional número 2, o AI-2, em 27 de outubro de 1965 extinguiu todas as agremiações.
Naquela época, a UDN mostrou muita força especialmente nos estados do Nordeste, Minas Gerais e na Guanabara. Nesse último local, impossível não citar o mais famoso udenista, o jornalista Carlos Lacerda.
Ele foi inimigo político de Getúlio. Em 1954 foi vítima de um atentado a bala, que ficou conhecido como Atentado da Rua Tonelero. À época, o Repórter Esso, mais importante noticiário do Brasil, assim deu a informação:
A ação terminou com a morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz e iniciou a derrocada do getulismo. Tanto que 19 dias depois, cometeu suicídio com um tiro no coração, em seu quarto, no Palácio do Catete.
Em 1960, elegeu-se governador da Guanabara e, na esfera nacional, apoiou Jânio Quadros presidente, que foi eleito mesmo sem pertencer à UDN. O jingle de campanha de Lacerda era claro.
Os ideais conservadores nos costumes e liberais na economia são as marcas dos udenistas, que como Lacerda, lutavam contra o comunismo, tido como mal do século. Veja essa declaração dada à TV Tupi, em 1967.
Hoje, quase 55 anos depois de sua extinção, a UDN ressurge e está em fase final de homologação. Em entrevista exclusiva ao blog A Protagonista, o presidente da nova UDN, Marcus Alves, diz que ideia de ressurgir vem da necessidade em realizar um resgate político do Brasil
“Percebemos que o Brasil sente falta de um partido que verdadeiramente represente a direita, conservador e de pessoas sérias. Os conceitos são os mesmos, mas nos modernizamos. Valorizamos a família e estamos totalmente contra a corrupção. Seremos implacáveis com isso”, aponta Marcus Alves.
Marcus Alves explica que já ultrapassaram 300 mil assinaturas para a criação do partido, que prezará pelo empoderamento da mulher no Brasil. Outras faixas que serão abrangidas pela UDN, segundo o presidente, virão com a UDN Afro, UDN Jovem, UDN Saúde, UDN Segurança, entre outras.
O dirigente acrescenta que não fechará portas para políticos que queiram ingressar na UDN, desde que estejam comprometidos com o país e longe da corrupção.
“Existe essa possibilidade, mas tem que estudar muito. Para entrar no partido tem que ter critério. Se estiver respondendo a processo não entrará na UDN. Nossa intenção, mesmo é criar novas lideranças, mas estamos de portas abertas para quem quiser fazer parte do nosso ideal”, explica o presidente.
Chegou a ser ventilado na imprensa, semanas atrás, que os filhos do presidente Bolsonaro estariam paquerando o partido, buscando sair do PSL depois do recente desgaste com o episódio das laranjas. Na ocasião, o senador paulista Major Olímpio rebateu a possibilidade e disse que o presidente não mudaria de sigla.
Questionado pelo blog, Marcus Alves disse que a UDN nasce governista, mas que ainda aguardará a homologação para falar com profundidade sobre esse assunto.
“O governo Bolsonaro ainda passa por adaptação. Houve acertos e atropelos, mas isso faz parte. Acredito que o presidente fará um belíssimo trabalho de combate à corrupção. Ele mudará a história do Brasil. Nós somos governistas, somos Bolsonaro, mas essa questão ficará para quando a UDN for homologada”, diz o presidente.
De acordo com Marcus Alves, o partido deve estar liberado no meio do ano e já devem fechar chapas para vereadores e prefeitos Brasil afora para a eleição do ano que vem. Tudo isso, mirando 2022, quando desejam cadeiras importantes de governadores, senadores, deputados federais e estaduais.
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