Forças Armadas em operação no Rio de Janeiro (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)| Foto:

Batizado de “lei do abate”, o projeto que autoriza agentes de segurança pública a atirarem contra pessoas que estiverem com armas de fogo de porte restrito está pronto para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A proposta foi apresentada em setembro do ano passado pelo senador José Medeiros (PODE-MT), mas ganhou força após a intervenção federal no Rio de Janeiro.

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Pelo texto, policiais militares, agentes das Forças Armadas ou do Exército poderão “abater”, sob legítima defesa, qualquer pessoa que esteja com armamento de uso restrito, ainda que a ação ocorra sem confrontos.

Policial rodoviário federal por 23 anos, Medeiros afirma que o projeto deve ser votado na próxima semana. Na corrida contra o tempo para aprovar a mudança no Código Penal, o senador defende que a medida garante instrumentos legais para que os agentes públicos reajam “à altura da bandidagem”.

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“Não há outra alternativa [ao agente] senão reagir. Se o bandido agir primeiro você está morto. São dez tiros por segundo. O problema é que a gente sempre acha que está lidando com pessoas normais, mas não estamos. Aquilo [pessoas com uso de armas restritas] já passou da linha dos animais.”

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Defensor da revogação do Estatuto do Desarmamento, o relator da proposta, Wilder Morais (PP-GO) sustenta que a medida garante “chance real de vitória na luta contra o crime organizado”. Em parecer favorável, Morais afirma que “é essencial que o pacificador tenha liberdade para alvejar o oponente com ato ou mesmo intenção hostil, ainda que à distância”.

Pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG), Frederico Marinho avalia no entanto, que, além de inconstitucional, o projeto banaliza o uso letal da força.

“Essa medida viola o direito de legítima defesa e autoriza o policial a partir para medidas extremas. Todo agente público é treinado para o uso proporcional da força. O uso da arma contra uma pessoa é a última medida em uma abordagem e não pode ser a primeira.”

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Sociólogo e especialista em segurança pública, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Flávio Testa defende que o projeto dará segurança jurídica à ação das Forças Armadas no Rio de Janeiro. Favorável ao fim do Estatuto do Desarmamento, Testa afirma que os agentes de segurança precisam reagir de forma condizente à “situação de guerra” enfrentada no país.

“A legislação que rege a Intervenção não permite a reação em situações de guerra. O crime está bem armado e não há lei nenhuma que o segure”, expõe. “O Exército não conseguirá nada no Rio de Janeiro se não enfrentar e puder reagir às grandes quadrilhas, armadas com [armamento calibre] .50, metralhadoras, mísseis.”

Apesar de apelidar o projeto em suas redes sociais, Medeiros afirma que a lei deverá ser conhecida como “lei da legítima da defesa”. “As armas modernas usadas pelos bandidos não dão tempo para o policial reagir. Armamento de guerra não dá poder de reação [à vítima]. Ele é feito para abater. A gente precisa adequar a legislação.”