João Rodrigues (PSD-SC) durante sessão na Câmara dos Deputados. O parlamentar cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda desde fevereiro (Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados)| Foto:

O PSD decidiu remover das comissões especiais da Câmara o deputado João Rodrigues (PSD-SC), que está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, desde fevereiro. Rodrigues foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto por crimes cometidos em 1999, quando assumiu interinamente a prefeitura de Pinhalzinho, em Santa Catarina.

CARREGANDO :)

Mesmo preso, o parlamentar não teve o mandato cassado e segue como integrante da comissão especial que analisa o novo Código de Processo Penal (CPP). A defesa do deputado chegou a solicitar autorização para que ele pudesse trabalhar durante o dia, mas o pedido foi negado na semana passada pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

Líder do PSD na Câmara e responsável pelas indicações dos deputados de seu partido às comissões, Domingos Neto (PSD-CE) diz que apenas reconduziu o parlamentar às comissões de que participava. “O processo ainda nem transitou em julgado e o pedido para que ele trabalhasse foi recentemente negado. Agora, com essa negativa, eu vou retirá-lo da Comissão [que analisa o novo CPP]. Ele ainda é deputado em exercício”, afirma.

Publicidade

Pelas normas da Câmara, todo deputado deve compor ao menos uma comissão permanente. Por isso, Domingos Neto diz que irá remover Rodrigues das comissões especiais, externas e CPI’s e que irá consultar a assessoria da Casa para definir se o parlamentar poderá seguir como membro de comissões permanentes.

LEIA MAIS: Podemos aciona STF para tentar aumentar tempo de Alvaro Dias na tevê

“Há um conflito de competências. O regimento diz que o deputado tem que participar de uma comissão permanente como titular e de outra como suplente, mas a decisão [judicial] diz que não pode… Eu vou ter que fazer uma consulta à Secretaria Geral da Mesa para ter um norte…”

Crimes

Rodrigues foi preso pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Guarulhos em 8 de fevereiro, quando voltava de uma viagem aos Estados Unidos com a família. O parlamentar foi condenado a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em 2009, quando era prefeito de Chapecó (SC). Como o processo estava prestes a prescrever, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a execução imediata da pena em 6 de fevereiro.

Publicidade

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), em 1999, Rodrigues autorizou licitação para a compra de uma retroescavadeira para Pinhalzinho por R$ 60 mil. A empresa, entretanto, teria recebido R$ 95,2 mil, além de uma retroescavadeira usada avaliada pela prefeitura em R$ 23 mil.

Outro lado

Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria de João Rodrigues afirmou que o deputado respeita todas as decisões judiciais e que recorre ao Supremo Tribunal Federal (STF) para provar sua inocência. A assessoria declarou ainda que o processo possui mais de 20 anos e que o deputado apenas assinou a abertura de uma licitação, sem que houvesse roubo ou dano ao erário público. A defesa de João Rodrigues também entrou com recurso para reverter a decisão da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do DF, que impediu o deputado de trabalhar.