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Desconhecimento: o trunfo e a ameaça de Márcio França

Márcio França (PSB) não tem, até o momento, números muito animadores em sua tentativa de continuar no cargo de governador de São Paulo. Figura em terceiro lugar nas pesquisas, mais de dez pontos percentuais atrás dos favoritos Paulo Skaf (MDB) e João Doria (PSDB). Porém, há uma certeza entre aliados e uma desconfiança entre adversários que seu potencial de crescimento é bem significativo. E passa por uma questão chave: se tornar conhecido do eleitorado.

Hoje, França é uma figura ainda distante das rodas de conversa da população paulista. Não chegou ao governo como eleito para o cargo; foi escolhido vice de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2014 e virou o chefe do Executivo em abril desse ano, quando o tucano renunciou para concorrer à Presidência da República. Não foi prefeito da capital como Doria, não se candidatou ao governo em outras duas ocasiões como Skaf e tampouco foi ministro e prefeito de uma cidade grande como Luiz Marinho (PT), um adversário que também tenta superar os dois favoritos.

“À medida que ele se torna mais conhecido, cresce nas pesquisas. Quem conhece o França vota nele”, celebra o deputado estadual Carlos Cezar (PSB), líder do governo na Assembleia paulista. Segundo o parlamentar, a condição mais conhecimento-mais voto se aplica somente a França – Doria (“rejeitado na capital”) e Skaf (“o candidato de Temer”) tendem a vivenciar a relação na mão oposta. “Ainda há muito espaço para recuperação. Estamos apostando no êxito dele”, diz o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Um dos esforços de França para melhorar sua imagem com o eleitorado foi tomado ainda no ano passado, quando se submeteu a uma cirurgia bariátrica que o levou a perder 40 quilos e ter uma aparência mais jovial. Já em 2018, com pouco tempo no governo, ganhou notoriedade ao homenagear a policial militar que matou um bandido que tentava assaltar uma escola e também quando assumiu a linha de frente na negociação para acabar com a greve dos caminhoneiros.

Candidatura controversa
Embora candidaturas à reeleição sejam das mais naturais, a de França em 2018 foi forjada com dificuldades e resultou em um racha na política paulista. Como Alckmin não poderia ser reeleito e era cotado, desde 2014, para disputar a presidência, França posicionou-se como candidato ao longo dos últimos anos. E esperava que o PSDB compreendesse sua demanda. Mas os tucanos decidiram bater o pé para tentar continuar no comando do estado – e tiveram o fenômeno João Doria como impulsionador desse desejo.

O efeito disso foi a frequente troca de elogios entre França e Doria se transformar em uma série de alfinetadas.tucano chamou o governador de “Márcio Cuba”, em alusão ao fato de ele ser do Partido Socialista Brasileiro e de já ter se aliado com o PT; França, por sua vez, repete, sempre que possível, que Doria traiu a confiança dos paulistanos ao abandonar a prefeitura antes de completar dois anos de gestão.

“Nós ajudamos o PSDB por oito anos, e a gente lamenta que o PSDB não têm tido reciprocidade com o França. A equipe do Doria tem jogado de forma um pouco desleal, ingrata até”, critica Carlos Cezar. Já o presidente do PSB minimizou o racha: “são dois partidos diferentes, com projetos diferentes, que estão em disputa. O eleitor que decide o que fazer”.

Apesar da controvérsia, o PSB de São Paulo segue empenhado no apoio a Geraldo Alckmin na disputa nacional – no que foi beneficiado pela decisão do diretório nacional do partido de nem lançar candidato a presidente e nem se coligar formalmente com outras legendas. “Temos lealdade e gratidão para o Alckmin. O PSB paulista, na sua imensa maioria, capitaneado pelo governador Márcio França, está com Alckmin”, explicou Carlos Cezar. Não à toa, o tucano tem evitado se posicionar de maneira incisiva a favor de João Doria e frequentemente direciona elogios a seu sucessor no Palácio dos Bandeirantes. O palanque duplo de Alckmin acaba sendo uma via de mão dupla – beneficia tanto o candidato presidencial quanto o que quer ser reeleito e, antes disso, conhecido pela população.

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