Eu lamento muito quando a gente vê pessoas inteligentes aos 19 anos, com todo o futuro pela frente, e depois vê aos 57, no noticiário policial, sendo presas por uma dívida de R$ 4 Bilhões, diz a jornalista Sandra de Angelis sobre o empresário Laerte Codonho, preso hoje em sua casa num condomínio na Granja Vianna, região metropolitana de São Paulo.
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A jornalista, que hoje dirige a Edge Mídia, conheceu o empresário no Cursinho Etapa, em 1979. Ele se preparava para fazer economia na USP – e conseguiu. Ela entrou no curso de jornalismo e foi trabalhar na TV Cultura de São Paulo.
Um belo dia, em pleno processo de Reforma da Constituinte, atendi a uma ligação de um cara, que estava fazendo “lobby” para mudar a legislação dos dietéticos. O cara ao telefone era Laerte Codonho que brigou no Congresso para mudar a lei, que ajudaria especialmente, uma legião de brasileiros excluídos desse tipo de consumo (que hoje sei ser inútil), diz Sandra, referindo-se ao direito de acesso a refrigerantes diet como uma alternativa saudável, por exemplo, para os diabéticos.
O empresário queria ajuda na divulgação da ação, algo que nem ele e nem ela, na época, sabiam que anos mais tarde seria algo tradicional no mercado e ganharia o nome de Assessoria de Imprensa. Sandra relata que trabalhavam com a intuição e comenta: “O cara é genial, mas verte para o lado escuro…”
A legislação sobre a produção e venda de refrigerantes diet tinha sido modificada há pouco tempo, depois de muitas idas e vindas no Legislativo e Judiciário, apimentada por boatos sobre malefícios à saúde desse tipo de produto. A Coca-Cola, que já comercializava a Diet Coke no exterior, fez um grande esquema de divulgação no Brasil e foi na esteira dele que o Exército de Brancaleone do Diet Dolly montou sua ação de divulgação.
Meu trabalho intuitivo fez com que a marca Dolly ficasse famosa do dia pra noite, diz Sandra de Angelis.
Sabendo dos planos de divulgação da Diet Coke, a jornalista fez um texto falando do Diet Dolly como produto brasileiro e das mudanças recentes na lei, xerocou diversas cópias e anexou em cada uma, com um clip de papel, uma foto da garrafa. Então se juntou a mais dois colegas para distribuir em mãos nas redações o material.
Conclusão: onde saiu o lançamento da Coca, saiu o lançamento da Dolly. A Diet Coke era, finalmente, o SEGUNDO refrigerante dietético a ser lançado no país, e a Dolly, o PRIMEIRO. – lembra Sandra de Angelis
Ela esperou meses para receber pelo trabalho, foi paga por um diretor das Bebidas Momesso, que foi pessoalmente à casa dela. Relata que entregou então o clipping com notícias decorrentes da assessoria. Nunca mais teve contato com Laerte Codonho nem com a empresa.
Lamento por ele e por sua família. Espero que esse relato sirva de lição para quem tem 19 anos hoje – e muita ambição, diz a jornalista.
A briga do dono da Dolly com a Coca-Cola jamais terminou. Se estendeu pela mídia, pela Justiça, pelo CADE e tem mais um capítulo hoje, quando o empresário, preso por dívidas de R$ 4 bilhões com o INSS, se deixou fotografar com um papel em que escreveu com batom: “Preso pela Coca-Cola”.
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