A disputa presidencial de 2018, que tem se mostrado diferente das anteriores por diversos aspectos, conta com outro componente que reforça seu caráter atípico: a presença, em grande quantidade, de pré-candidatos que estão filiados há pouco tempo aos seus partidos.
Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Alvaro Dias (Podemos), Flávio Rocha (PRB), Paulo Rabello de Castro (PSC), Guilherme Boulos (PSOL) e Henrique Meirelles (PMDB) são os pré-candidatos nessa condição.
No caso de Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é considerado, a entrada no PSL foi a conclusão de um longo processo. O deputado pertenceu ao PP pela maior parte de sua carreira política, ingressou no PSC em 2016 com a expectativa de ser aclamado candidato presidencial pela legenda, sinalizou a ida ao Patriotas (que mudou de nome para recebê-lo) e acabou no PSL em março deste ano, dispondo da estrutura partidária necessária para concorrer ao Planalto.
Já Ciro Gomes, que passou por PSDB, PPS, Pros e PSB antes de ingressar no PDT, chegou ao partido atual motivado por uma união de expectativas: a sua, de disputar a eleição presidencial por mais uma ocasião, e a do PDT, que queria ter candidatura própria.
“Movimentos”
Presidente do PSOL, partido que filiou Guilherme Boulos em março de 2018, Juliano Medeiros diz que o momento atual da política brasileira abre espaço para condições diferentes na eleição deste ano. “A fragmentação do processo eleitoral, novas regras, um governo com índices de reprovação inéditos, isso tudo gera uma eleição muito indefinida sob vários pontos de vista. O clima geral da campanha, das eleições, permitem inovações desse tipo”, disse.
Mas Medeiros contemporiza o fato de Boulos estar, formalmente, há pouco tempo no PSOL. “O Boulos é um cara da política, e o MTST [movimento dirigido pelo pré-candidato] é próximo do PSOL”, acrescentou.
A ideia de movimento é também apresentada pela presidente do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP). Segundo ela, a chegada de Alvaro Dias ao partido se deu quando a sigla passou por um processo de refundação – que culminou com a adoção do novo nome da legenda, conhecida antes como PTN. “Eu queria muito que o movimento tivesse um candidato para representar uma alternativa para o país. E aí eu fui atrás de candidatos que eu acreditava que poderiam cumprir essa missão, pela história que eles tinham. Então eu convidei o Alvaro para assumir esse protagonismo”, apontou.
Se um candidato recém-chegado a um partido tiver um bom desempenho na eleição de 2018, vai romper um tabu. Em todas as eleições entre 1994 e 2014, o vencedor e o segundo colocado foram figuras com muito tempo em suas legendas, como Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB, e Lula e Dilma Rousseff, do PT – a ex-presidente, em 2010, jamais havia disputado uma eleição, mas era integrante do partido desde 2001.