Poucas vezes vi uma polêmica no Judiciário que seja um angu tão descaradamente cheio de caroços. Começa pelo timing: notícias velhas, sobre o antigo auxílio-moradia dos juízes, pipocando em uma fase crítica da Lava-Jato. Termina pela falta de checagem e publicação de qualquer bobagem: estão dizendo até que não existe no exterior, em países nos quais os juízes em remoção recebem a verba.
Mais de 17 mil juízes recebem auxílio-moradia desde 2014 – há QUATRO ANOS. E eles foram a última categoria da Justiça a receber, veio por equiparação do que começou no Ministério Público.
Desde o início, quem tem o dever e ofício de informar fez as contas de quanto isso custa ao povo, explicou que pode ser legal, mas é imoral e valorizou os exemplos de quem devolve o valor. Ninguém é obrigado a receber, é possível renunciar a esses vencimentos.
A Gazeta do Povo fez a primeira entrevista sobre o tema logo em seguida da liminar, ainda em 2014. “Sou a Geni da vez”, dizia Celso Fernando Karsburg ao descrever a alegria dos colegas quando ele decidiu que não iria aceitar auxílio-moradia.
No ano passado, assim que nos aproximamos, o tema da igualdade revelou-se um interesse comum que tenho com a Gazeta do Povo. Nos é incômodo que pareça normal tolerar sem tentar mudar o sofrimento do próximo, do mais fraco, do mais carente ou se acreditar merecedor de mais benesses que as demais pessoas.
Foi assim que discutimos um caso interessantíssimo que virou pauta, o do juiz irmão da lenda do humor Chico Anísio, que simplesmente renunciou a TODOS os penduricalhos aos quais tem direito de acordo com leis infraconstitucionais alegando que a Constituição não permite esse tipo de coisa.
Quando o tema foi tratado como o que é, algo imoral, que subverte o princípio da igualdade, que desequilibra a sociedade, eram pouquíssimos os que se interessavam por ele. Por que tanto interesse súbito agora, quando a discussão está completamente desvirtuada?
Tão imoral quanto aceitar um auxílio-moradia num país com tantos miseráveis é comparar esse ato à formação de quadrilha para desviar dinheiro público e subsequente tentativa de se livrar da pena.
É de se fazer pensar onde estavam todos esses indignados durante os últimos 4 anos em que bilhões foram derramados com esses auxílios. Estavam esperando ordem de quem para levantar a voz?
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