Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, publicou em suas redes sociais, nesta quarta-feira, um vídeo onde seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro apresentam Walderice Santos da Conceição, a Wal.
A ex-secretária parlamentar de Bolsonaro tem sido pivô de reportagens onde é apontada como funcionária fantasma do gabinete de Bolsonaro.
Wal teria sido flagrada atendendo em uma loja de açaí chamada “Açaí da Wal”, em Mambucaba, distrito de Angra dos Reis, litoral do Rio de Janeiro.
Nesse vídeo, de 10 minutos e 30 segundos, Wal nega ter sido funcionária fantasma.
O título do vídeo diz: “Conheça a Val”, e até a tarde desta quinta-feira tinha quase 170 mil visualizações e estava entre os 50 vídeos mais vistos do dia.
Wal diz nesta gravação que está passando por humilhação e que está sendo criminalizada por tentar “ajudar a família a ganhar um pouquinho a mais”.
Ela nega ser a dona do comércio de açaí e diz que o local pertence a sua irmã. Wal também nega que presta serviços domésticos na casa de veraneio que Bolsonaro mantém há décadas no distrito.
Em nenhum momento é colocado de modo claro qual o trabalho que Wal desempenhava quando secretária parlamentar de Bolsonaro.
Ela apenas diz, em um trecho, que diz receber reclamações de moradores e passar ao deputado.
Sem explicações
O ponto estranho do vídeo, que tinha a intenção de trazer esclarecimento sobre a situação da ex-secretária, está justamente em não esclarecer nada.
Em nenhum momento há explicação dos motivos em aceitar a exoneração da ex-servidora, se de fato não havia nada que desabonasse sua conduta.
Também não é explicada a função de Wal, mesmo que atuasse fora de Brasília, o que é perfeitamente cabível a assessores e secretários parlamentares. Nenhum relatório, anotação ou algo que comprovasse um trabalho efetivo foi apresentado.
Como tudo começou?
A história em torno de Wal começou em janeiro deste ano, quando o jornal Folha de S. Paulo informou que Bolsonaro a mantinha em um cargo de secretária parlamentar desde 2003.
A reportagem, no entanto, apurou que Wal trabalharia no comércio de açaí e seu marido seria caseiro de Bolsonaro.
Esta semana, nova reportagem mostrou que Wal continuaria trabalhando na loja de açaí.
Sem se identificar como jornalistas, os repórteres gravaram entrevista onde Wal afirmava ser a dona da loja há cinco anos e chegava, entre risos, dizer que era a funcionária fantasma de Bolsonaro.
Quando os jornalistas se identificaram, tempos depois, Wal disse que Bolsonaro deveria responder por que o deputado a paga com recursos da Câmara e não próprios.
Em seguida, informou ao jornal que iria se demitir.
Depois de toda essa situação, Bolsonaro afirmou que ela trabalhava na loja de açaí e apenas dava água para seus cães.
Na parte final do vídeo divulgado ontem, os filhos de Bolsonaro visitam a loja de açaí, que aparenta estar inativa e seguem até a casa apontada como a mansão do deputado.
Lá apontam que o imóvel é simples, com poucos móveis e usado pela família e amigos há anos. No entanto, afirmam que a casa está sem uso há algum tempo.