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Freixo repete o erro que lhe custou a prefeitura ao rebater Crivella

A esquerda brasileira, que já teve ótimas relações com a Igreja Católica, desaprendeu o significado de Estado Laico e o respeito pela religião alheia. O preconceito contra evangélicos e a confusão entre denominações já custou caro aos governos petistas e pesou muito na vitória de Marcelo Crivella contra Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro.

Agora, ao usar o flagra feito pelo jornal O Globo no adversário, Freixo demonstra que pouco ou nada aprendeu com a experiência, deixando escapar em vídeo, com desenvoltura e naturalidade, que ainda conserva os mesmos preconceitos que fizeram com que o eleitorado cristão, de todas as classes sociais, criasse birra com o PSOL do Rio de Janeiro.

Marcelo Crivella reuniu 250 pastores protestantes, das mais diversas denominações e prometeu que fiéis e processos administrativos das igrejas deles seriam tratados de forma diferenciada pela administração pública, segundo reportagem do jornal O Globo. Nada mais legítimo que o protesto da oposição e da população não-evangélica, que tem direitos civis exatamente iguais aos dos cidadãos que frequentam tais igrejas.

O problema é que Freixo, ao exigir o óbvio, o justo, caiu na bobagem de dizer que todos os 250 pastores presentes eram “da igreja de Crivella”, a Igreja Universal do Reino de Deus que, além de representar uma pequeníssima parte dos evangélicos brasileiros, não tem relação formal nem teológica com nenhuma das demais denominações.

É comum entre os políticos, intelectuais e jornalistas da lacrosfera fazer uma associação imediata, por exemplo, entre Crivella, Marcos Feliciano, Silas Malafaia e Caio Fábio. Para os cristãos, a atitude denota o quanto o ego dessas pessoas é mais importante que os fatos e, principalmente, quanto se julgam acima daquilo que realmente é importante para uma grande parte do povo brasileiro. Tais líderes religiosos não têm nenhuma afinidade entre si: são fatos públicos.

O PSOL do Rio de Janeiro integrou em seus quadros o pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, liderança jovem e progressista, ex-aluno de Freixo que poderia recuperar parte da simpatia perdida pelo partido ao apresentar a postura elitista de estigmatizar os evangélicos e ignorar a diversidade cristã. Embora faça pregações empolgantes, parece que elas não têm sido efetivas para ensinar o ex-professor sobre os cristãos brasileiros.

No vídeo que gravou, Freixo disse que Crivella não poderia receber os pastores no Palácio em horário de trabalho porque estamos em um Estado Laico. Confunde o conceito, introduzido justamente pela Reforma Protestante: trata-se da liberdade de professar e viver a fé o tempo todo em todos os espaços, não o oposto, que seria o Estado Secular, ateu. O erro foi a promessa de privilégios a um grupo, não o fato de ser cristão.

O PSOL promete entrar com uma representação contra Marcelo Crivella no Ministério Público na próxima segunda-feira. Freixo promete entregar a peça pessoalmente ao Procurador-Geral do RJ pedindo condenação por improbidade.

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