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Lulismo da nova geração do PSOL gera fogo amigo para Guilherme Boulos
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O PSOL de raiz não vai engolir aquele lançamento de pré-candidatura que passou mais tempo defendendo Lula que os projetos de Guilherme Boulos para o Brasil. Babá, que se tornou um dos fundadores do partido ao ser expulso do PT no auge do mensalão por não concordar com os rumos do governo, já expressou publicamente várias vezes seu descontentamento. Agora, começa a trajetória de fogo amigo, com direito a réplica do atual presidente do PSOL, Juliano Medeiros.

A entrevista de Boulos ao Roda Viva foi celebradíssima por todos seus apoiadores. Não faltou meme e trecho recortado de vídeo com oclinhos para comemorar cada fala considerada um acerto estrondoso ou uma performance surpreendente do pré-candidato, que pela primeira vez foi perguntado sobre temas que fogem da sua pauta cotidiana: ocupação urbana.

Já o artigo de Babá, que promete apontar os pontos bons e ruins da entrevista, algo que eu entenderia como uma análise equilibrada, já começa com este elogio:

Em primeiro lugar, ressaltamos que a entrevista teve pontos positivos, foi a primeira vez que Boulos se colocou de fato como candidato, já que toda sua agenda, até então,  vinha sendo ao redor da defesa de Lula. – aponta o artigo.

No pé deste mesmo parágrafo, Babá faz, numa tacada só o reconhecimento do que realmente teria sido bom: um amontoado de clichês. “Corretamente denunciou a grave crise social, política e econômica que o país vive e as medidas de ajuste de Temer como a reforma da previdência, denunciou o genocídio da juventude negra, dos povos quilombolas, defendeu as ocupações e o direito à moradia e pautas feministas como o direito ao aborto, que deve ser tratado como caso de saúde pública.”

Na lógica do fogo-amigo implantado no coração do PSOL, Boulos não é esquerda o suficiente:

O programa “melhorista” de Boulos não apresenta um real programa de ruptura, não é um programa anti- capitalista. (…) Boulos em nenhum momento chama o povo a se mobilizar, apenas se limita a chamar a população a votar. Boulos, na entrevista, não apresentou um projeto de ruptura com a ordem econômica e social. – diz Babá

Outro ponto que incomodou foi a falta de referência a uma pauta na ordem do dia do Brasil: o combate à corrupção. A opinião de Babá, quadro histórico da esquerda, está muito mais próxima à da candidata do PSTU, Vera Lúcia, do que da de Guilherme Boulos:

Outro tema ausente foi o combate à corrupção, se limitando a defender Lula e seu direito a ser candidato. A corrupção não é um problema menor! Bilhões de dinheiro público necessários para saúde ou educação, por exemplo, foram roubados pelos canalhas que governam e governaram para seu benefício pessoal e/ou seus projetos político-partidários de reeleição, para poder preservar o famoso foro privilegiado, que significa a proteção da bandidagem política. Não defendeu a investigação, prisão e confisco de bens de todos os corruptos, independente da coloração partidária e nem mesmo a estatização de todas as empresas envolvidas nos esquemas da Lava Jato. – diz o artigo.

No final, sobrou até para a direção do PSOL, acusada de transformar a sigla em “puxadinho do PT”:

Se a direção majoritária do PSOL e Boulos deram um passo em direção a que o partido tenha candidato, esse passo é absolutamente insuficiente.  Se Boulos segue candidato, não pode fazer declarações desastrosas como as que fez à BBC, onde evidenciou ser,  não um candidato do Partido Socialismo e Liberdade,  mas um torcedor de Lula e do PT. O PSOL sempre foi e continua sendo oposição de esquerda dos governos petistas, e nunca será um puxadinho do PT. – ataca Babá.

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, respondeu pelo twitter com uma citação de Tolstói: há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira. Ainda há muito incêndio para apagar na legenda caso se pretenda fazer essa candidatura engrenar.

 

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