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Mais um: torcedor posta vídeo em que faz garoto russo dizer expressões homossexuais

Após o fundo do poço do vídeo do assédio à moça russa por torcedores brasileiros ainda havia um subsolo: outro torcedor postou a gravação em que incentiva um adolescente russo a dizer “sou viado” e “eu dou para o Neymar”, sem que ele soubesse do significado das frases.

Diante da reação de algumas pessoas, o autor do vídeo passou a retuitar quem o apoiou – sim, houve diversos apoiadores – e postou uma explicação. Os garotos xingaram o irmão dele, então ele resolveu fazer o vídeo. Ele considera tudo “brincadeira” e “diversão”.

Há uma parte da torcida brasileira na Rússia que escancara para o mundo uma das nossas maiores vergonhas: a existência, na nossa sociedade, de um grupo de pessoas que crê poder tudo, inclusive humilhar as outras pessoas por pura diversão.

É sintomático de um país que atravessa o processo de colocar atrás das grades praticamente todos os maiores expoentes da política das últimas décadas, levando a reboque os que até pouco tempo atrás eram vendidos internacionalmente como grandes empresários e acabaram revelando ser parte da mesma quadrilha, todos vivendo impunemente às custas do pisoteamento do cidadão.

Pessoas que habitam este mundo acham normal abusar da hospitalidade de uma moça russa, que não fala português e gravar um vídeo em que ela diz, sem saber, a cor que eles julgam ser a de seu órgão sexual, uma expressão chula comum em sites e fóruns pornôs que obviamente os pais de família que alegremente compartilharam o vídeo que gravaram devem abominar.

Eles não são exceção, como querem fazer parecer ou realmente gostariam de acreditar os que comentam o caso na internet. Entre aqueles que têm dinheiro para pagar passagens e ingressos de Copa do Mundo a palavra “respeito” não parece ser artigo utilizado de forma rotineira, como relata direto da Rússia o André Pugliesi, repórter da Gazeta do Povo:

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Humilhar o outro por diversão às vezes se confunde com humor em sociedades doentes. Calar diante das humilhações, o consentimento cúmplice a elas, às vezes se confunde com imparcialidade. Reagir aos abusos pode ser lido como fazer escândalo, problematizar, criar encrenca desnecessária. Somos um retrato triste do império do abuso, nas grandes e pequenas coisas. Nas redes sociais, a banalização do mal tem nome, sobrenome e, infelizmente, camisa canarinho.

 

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