A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) participou do programa A Protagonista na última segunda-feira (9) – o primeiro dia útil após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proximidade entre as datas é uma coincidência; no entanto, não é acaso a posição ‘privilegiada’ da qual a parlamentar viu muitas irregularidades atribuídas ao PT. Entre elas, o assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrido em 2002.
“Se naquele caso tivéssemos mais foco e evitássemos a impunidade, a corrupção não tomaria o gigantismo que tomou”, disse a parlamentar na entrevista. Segundo ela, o caso Celso Daniel foi o que iniciou as estruturas de corrupção que o PT aprimoraria anos depois, com o mensalão e o petrolão, já ocorridos quando o partido ocupava a Presidência da República.
Mara afirmou à jornalista Madeleine Lacsko que a postura do ex-presidente Lula durante o dia de sua prisão mostrou o “verdadeiro Lula”. “Quando eu o vi negando a prisão e burlando regras, pensei: esse é o Luiz Inácio. É uma pessoa que acredita que está acima de tudo, que as regras são dele. Ele foi se apequenando a cada minuto”, disse.
A deputada recordou as outras acusações que pairam sobre o ex-presidente e disse que ele “pode ser um novo Sérgio Cabral, colecionando uma condenação em cima da outra” – referência ao ex-governador do Rio de Janeiro que, condenado pela Lava Jato, soma cinco condenações pela justiça.
Celso Daniel
A proximidade entre Mara Gabrilli e o caso Celso Daniel se dá pelo fato de que, à época do crime, o pai da parlamentar era proprietário de uma empresa de ônibus em Santo André – e vítima do esquema de propinas que, segundo acusações, seria a motivação do crime contra o ex-prefeito.
Ela conta que foi procurar Lula, à época, para pedir auxílio na busca pelos esclarecimentos do crime em Santo André. “Eu acreditei no Lula. O procurei com o objetivo de melhorar a cidade de Santo André. Mas ele foi dissimulado. E, quando deixei o apartamento dele, fui ameaçada pelos seguranças, que me disseram para falar à imprensa que eu havia conversado com o Lula sobre reabilitação”, disse.
Anos depois, relata Mara, ela se encontrou com o publicitário Marcos Valério, o pivô do esquema do mensalão. A conversa foi no presídio em Contagem (MG) no qual Valério cumpre pena. Segundo ela, nessa conversa o publicitário falou sobre seu medo de ser morto, por ter informações ainda não reveladas sobre o crime contra Celso Daniel. Valério também afirmou que ele e o PT foram chantageados pelo empresário Ronan Maria Pinto, também implicado pela Lava Jato – condenado na 27a fase da operação.
“Ele me falou que a chantagem do Ronan Maria Pinto foi: ‘ou vocês me pagam, ou eu vou entregar o Lula como mentor do assassinato do Celso Daniel'”, disse a parlamentar.
Marcos Valério fez uma delação premiada que está sob análise do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Já Ronan é apontado como um dos líderes do esquema de corrupção na prefeitura de Santo André, que foi o que levou ao crime contra Celso Daniel. Ele foi apontado como destinatário final do dinheiro que foi repassado pelo PT e operado por figuras célebres em outros esquemas de corrupção, como o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, e Enivaldo Quadrado, outra figura icônica do mensalão.
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