• Carregando...
Mesmo ausente, Jair Bolsonaro ditou o ritmo do terceiro debate presidencial
| Foto:

O debate com os presidenciáveis realizado neste domingo, 9 de setembro, foi o terceiro da série, mas o primeiro sem a presença de Jair Bolsonaro (PSL), alvo de um atentado na quinta-feira, em Juiz de Fora (MG), durante campanha.

E a falta do candidato do PSL deu tom morno ao debate promovido pela TV Gazeta, jornal O Estado de São Paulo, rádio Jovem Pan e Twitter. Ainda havia certa tensão no ar por conta do motivo da ausência do presidenciável, o que provocou até mesmo um pequeno editorial pela emissora, desejando o restabelecimento do candidato e da democracia nas eleições.

Antes do início, no cenário do programa, estava a tribuna destinada a Jair Bolsonaro. No entanto, quando o debate foi iniciado, um redesenho foi feito. Segundo a direção da emissora, todos os demais candidatos pediram pela retirada da tribuna, pois aquilo daria impressão de ser uma falta voluntária, contrário do que ocorre, pois Bolsonaro segue internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Os demais seis participantes: Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) fizeram menção ao ataque em suas palavras iniciais.

Vale lembrar que mais uma ausência foi registrada: o candidato Cabo Daciolo (Patriota) segue em retiro e oração – incluindo preces por Bolsonaro – e não participou do debate. O PT, que não se decide, também não enviou representante e, certamente, esperará a próxima terça-feira para escolher entre Fernando Haddad ou outro nome. Esse, inclusive, é o prazo limite para a definição, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Poucos suspiros de emoção
De fato, mesmo com o debate morno, quem realmente foi o eleitor que acompanhou o programa. Afinal, um pouco mais das proposições de governo dos postulantes pode ser apresentado longe de trocas de farpas gratuitas.

Em pouquíssimos momentos houve um ‘tom acima’. Temas mais ácidos e importantes só foram tocados quando os jornalistas convidados fizeram seus questionamentos e nas perguntas do público. Nesse momento, assuntos como dinheiro expatriado, propostas para cultura frente a um museu em cinzas e a (in)segurança nacional foram discutidos.

Some isso a falta dos candidatos caricatos, o que deixou a plateia quieta durante os cinco blocos do debate. Nem mesmo as frases feitas e trocadilhos de Boulos serviram para mexer o sinal do ‘risadômetro’.

Opiniões dos presidenciáveis
Para os candidatos, ao final das discussões, o debate foi tido como positivo.

Alvaro Dias lamentou a ausência de Bolsonaro e dos demais postulantes ao Palácio do Planalto. Todos tinham que participar, já que se habilitam para tal cargo. A legislação desvia o ideal da democracia e possibilita uns terem muito dinheiro de fundo eleitoral e outros não; uns mais tempo de rádio e TV e outros não; uns de participar de debates e outros não”, criticou.

“Sobre esse debate, como as propostas são semelhantes, acho que foi igual aos demais. Mas é interessante para marcar terreno politicamente, para apontar caminhos, e o eleitor escolher”, diz Alvaro Dias.

Ciro Gomes também falou sobre a falta do candidato do PSL, lembrando que gostaria de “chocar as ideias e diferenças”. “Espero que [Bolsonaro] volte são e salvo o quanto antes. Ainda assim, no debate, não há diferença com ele ou sem”, diz.

“O PT não decide sobre seu candidato e o Bolsonaro também não acrescenta muita coisa, a não ser sua posição de sectarismo, de ódio e violência. O debate é um processo é de acumulação e esse foi mais um nesse desenho”, declara Ciro Gomes.

Geraldo Alckmin crava que sua campanha não muda com a ausência de Bolsonaro, muito embora sua equipe tenha corrido para mudar programas que já estavam gravados e que tinham o candidato internado como alvo direto. “Sempre preguei a união nacional e a pacificação. Reprovamos esse ato contra Bolsonaro”, declarou.

“Um país dividido não é o caminho para superar os enormes desafios que o próximo presidente terá. Os debates anteriores já vinham mais na linha propositiva. Gostei desse, achei que foi bom”, acrescentou Alckmin.

Guilherme Boulos, além de comentar a ausência de Bolsonaro, cobrou a presença de Lula. “Tenho muitas diferenças [com Bolsonaro] e isso não muda, mas não acho que a violência resolva. Mas também temos que lembrar a ausêcia de Lula, condenado sem provas, e que não está aqui hoje”, reiterou.

“Nessa eleição há disposição para fazer debate de compadre. Brigam em vídeo de internet, mas chegam aqui ao debate e é um compadrio danado. Eu estou fora disso”, disse Boulos.

Henrique Meirelles considerou o debate deste domingo importante, pois mostrou a diferença entre os candidatos. “Tem uma vantagem grande ao Bolsonaro não estar aqui, pois não tem que responder nada. Mas não devemos admitir o ato trágico contra ele”, disse.

“Debates têm desde aqueles que só fazem promessas mirabolantes e que querem ganhar a simpatia, bem como pessoas como eu, que só falam a verdade. Prefiro que, mesmo que não vote em mim, que eu ganhe seu respeito”, pontou Meirelles.

Marina Silva, ao citar a ausência de Bolsonaro, falou de outros casos de violência recentes contra políticos, como o caso da caravana de Lula e o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro. “Não é questão de mudar discurso agora, mas sim preservar a democracia e a vida das pessoas. Desde 2010 digo que temos que cultivar cultura de luta e de paz”, lembrou.

“É hora de termos união a favor do Brasil. Chega da polarização, chega do ódio. Temos que falar dos assuntos que realmente interessam”, disse Marina.

Em resumo, o clima do atentado ao candidato Bolsonaro pesou fortemente. Com isso, saiu ileso e ganha força. Dentro dos participantes, na balança, quem sai vitorioso é Ciro Gomes, que conseguiu bom espaço para falar de suas propostas e não de pessoas e seus gostos/afeições.

Do outro lado, Henrique Meirelles estava quase apagado e foi alvo de muitos dos opositores e jornalistas. O discurso de ser o nome certo para ser chamado a qualquer hora já está vazio e não vai de encontro ao pensamento do eleitor, que quer respostas práticas para seus problemas cotidianos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]