Durante uma entrevista coletiva no Ministério da Saúde na terça-feira (27), Ricardo Barros tirou um envelope do bolso e mostrou aos jornalistas o que chamou de “cartinha” ao presidente Michel Temer. O texto, que continha seu pedido de demissão, iniciava uma série de casos semelhantes que deverão tomar Brasília nos próximos dias: as exonerações dos membros do alto escalão que serão candidatos nas eleições de 2018.
Barros é deputado federal pelo PP do Paraná e buscará a reeleição. Além dele, há outros 12 ministros da gestão Temer que são deputados ou senadores e que se não forem reeleitos em outubro estarão sem mandato em 2019. Todos eles precisam deixar o posto de ministro até o dia 7 de abril, que é o que manda a lei das desincompatibilizações.
O blog A Protagonista consultou os 13 ministérios gerenciados por parlamentares federais para saber sobre a demissão de seus titulares. De seis, recebeu a confirmação da saída: Mendonça Filho (DEM-PE), da Educação; Osmar Terra (PMDB-RS), do Desenvolvimento Social e Agrário; Fernando Coelho Filho (sem partido-PE), das Minas e Energia; José Sarney Filho (PV-MA), do Meio Ambiente; Marx Beltrão (PMDB-AL), do Turismo, além de Ricardo Barros.
Dois ministérios irão na mão oposta e confirmaram que seus ocupantes não deixarão o cargo: a Segurança Pública, de Raul Jungmann (sem partido-PE), e a Secretaria-Geral de Governo, de Carlos Marun (PMDB-MS).
Ainda não decidiram sobre o caso Aloysio Nunes (PSDB-SP), das Relações Exteriores, Alexandre Baldy (Podemos-GO), das Cidades, e Maurício Quintanella (PR-AL), dos Transportes. Já Leonardo Picciani (PMDB-RJ), dos Esportes, e Blairo Maggi (PP-MT), da Agricultura, não responderam à demanda da reportagem.
Meirelles
A desincompatibilização mais esperada, entretanto, não é de um parlamentar licenciado, e sim do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele quer ser candidato a presidente da República e até deixou seu partido anterior, o PSD, para buscar mais apoio no PMDB. O anúncio da troca da legenda foi feito na terça (27), mesma data em que ele fez a promessa que decidirá sobre o cargo na próxima semana.
Outro potencial candidato, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, também não apresentou uma definição. Ele, que atualmente não ocupa mandato eletivo, é apontado como possível vice na chapa de João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo.
Quem também não exerce mandato mas anunciou que deixará o posto é o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro. Ele será candidato a presidente da República pelo PSC.
Tampão?
O curto tempo de gestão dos ministros que ocuparão a vaga dos desincompatibilizados não é uma garantia de que a atuação deles será discreta. Dois exemplos históricos mostram que os “ministros-tampão” podem gerar dores de cabeça aos chefes do Executivo.
Um foi no Ministério da Fazenda, na gestão do Itamar Franco. O titular do posto era Fernando Henrique Cardoso, que saiu para disputar as eleições de 1994. Seu substituto Rubens Ricupero, acabaria sendo flagrado no célebre “escândalo da parabólica”, quando confessou a um jornalista, sem saber que estava sendo filmado, a manipulação de índices econômicos.
Já o outro caso foi quando, no segundo mandato Lula, a então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff deixou a vaga para se candidatar em 2010. Quem ficou com o ministério foi Erenice Guerra, que cairia pouco tempo depois, acusada de corrupção.
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