Nas últimas semanas, o caso envolvendo o vazamento de mensagens supostamente trocadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, o procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e outros membros do Ministério Público Federal, virou assunto assunto nacional.
Isso porque foi colocada em xeque a segurança dos dispositivos e aplicativos usados por eles para estabelecerem as conversas.
As vítimas tratam do assunto como um ataque cibernético cometido por hackers, que invadiram o celular de Sergio Moro e tentaram invadir o de outros membros do Judiciário.
No entanto, para profissionais da área de segurança digital, a situação pode ser diferente, e até mesmo, pior.
Ricardo Gennari, especialista em Inteligência Estratégica e Segurança, entende que a equipe da lava jato e Sergio Moro tiveram seus celulares grampeados.
Para ele, informações são valiosas e quem as detêm, garantem poder.
"Traz prejuízos não só a pessoa, quqanto ao Estado. Temos que nos preocupar sobre o que estamos falando. Eu tenho a informação, tenho o poder. Esse tipo de hackeamento envolvendo o ministro, isso começou lá atrás por ser uma importante fonte de informação, que pudesse ser absorvida", explica Gennari.
O especialista lembra que os grampos ou ataques hackers são ilegais. Por isso, é preciso que as autoridades fiquem cercadas de cuidados e protejam informações preciosas.
Afinal, situações como as vividas por Moro, Dallagnol e companhia não são recentes e estão espalhadas em todo o planeta.
"A gente teve vários casos nos últimos anos, como o que ocorreu com a Hillary Clinton, que sofreu sanções por usar celular particular para tratar de assuntos de Estado, sendo hackeada. Primeiro precisamos saber quais informações temos e, além de nós, para quem é importante? Para o Estado, para o negócio? E como proteger? Existem gangues que roubam informações em bares, aeroportos, onde estão os alvos. Há vários equipamentos para isso e o primeiro passo é estarmos atentos e tomarmos cuidado com que redes estamos usando", acrescenta.
Vale lembrar que, para as autoridades do País, a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, disponibiliza aplicativo criptografado semelhante aos presentes no mercado.
Também há o TSG, telefone seguro portátil que codifica comunicações em dados e voz. Este, no entanto, só funciona se as duas linhas em conversa forem conectadas a esse sistema, o que seria útil para membros do governo.
Interlocutores no Planalto, no entanto, dizem que há resistência em usar tais equipamentos, abrindo mão da segurança pela comodidade.