O Rio de Janeiro está dividido nas eleições de 2018. Mas não entre direita e esquerda – e nem entre quem quer um salvador da pátria e quem entendeu a política – e sim entre capital e interior. Pesquisas recentes do Ibope* e do Datafolha indicam que os eleitorados da cidade do Rio e dos demais municípios do estado têm se portado de modo distinto.
A principal variação se dá na disputa pelo governo do estado. Enquanto na capital Eduardo Paes (DEM) nada de braçada, com mais de 20 pontos de distância para o competidor mais próximo, no interior ele é derrotado por Romário (Podemos) e fica próximo de Anthony Garotinho (PRP), segundo números do Ibope divulgados na quarta-feira (19). Já a rejeição de Paes é superior no interior em comparação com a capital, com o oposto ocorrendo para Garotinho e Romário.
O cenário também se verifica numa simulação de segundo turno. Enquanto na somatória geral Paes venceria Romário por 47 a 22, no interior a vantagem ficaria com o ex-jogador, vitorioso por 38 a 28.
Embora não com a mesma intensidade, a disputa para o Senado registra quadro semelhante. César Maia (DEM) e Chico Alencar (PSOL) veem suas intenções de voto caírem de modo significativo na comparação entre capital e interior.
Pesquisas realizadas em outros estados apontam que a divisão identificada no Rio de Janeiro é algo raro no país. Os levantamentos mais recentes do Ibope em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul mostraram pequenas variações entre interior e capital – mas nada parecido com o cenário de troca de posições identificado no Rio.
Conhecimento e desconhecimento
Enquanto o melhor desempenho de Anthony Garotinho no interior é algo relativamente esperado – afinal, o ex-governador é de Campos dos Goytacazes, de onde já foi prefeito -, o de Romário chama a atenção. O atual senador é o que se convencionou chamar de “carioca da gema”, nascido na capital fluminense e tendo a maior parte de sua carreira profissional desempenhada na cidade do Rio.
Para a assessora de comunicação do candidato Nara Franco, o desempenho melhor de Romário no interior se deve às duas eleições que disputou, em 2010 e 2014, e ao seu trabalho parlamentar. “Ele foi eleito com 4 milhões de votos para senador, numa campanha em que precisou rodar todo o estado. É essa a lembrança que as pessoas têm dele”, disse.
Já a pontuação menor na capital é também reflexo disso: “como ele fica em Brasília, tem um trabalho parlamentar, a população da capital ainda não conhece seu trabalho como executor”.
A relação entre conhecimento e desconhecimento é também mencionada por apoiadores dos democratas Eduardo Paes e César Maia. O fato de ambos serem ex-prefeitos da cidade do Rio de Janeiro aparece como justificativa para o avanço na capital.
“Considero essa diferença natural. Eduardo e César foram prefeitos do Rio. Já Romário, por ser ex-jogador de futebol, acaba tendo uma visibilidade maior em todo o estado”, apontou a deputada federal Laura Carneiro (DEM).
Confiança
Como em toda campanha, os dois lados mostram otimismo quanto à possibilidade de reverter o quadro. “Acho que, no final da campanha, nós vamos estar em todos os lugares na frente”, afirmou o deputado federal Pedro Paulo (DEM). “As tendências mostram que isso se inverte”, disse o candidato César Maia, que também alegou que o quadro não interfere em suas estratégias de campanha.
“O cenário que temos é natural, mas está mudando. Não nos focamos apenas em ganhar no interior, até porque o Romário também está bem na capital”, destacou Nara Franco.
* Pesquisa realizada pelo Ibope de 16/set a 19/set/2018 com 1.512 entrevistados (Rio de Janeiro). Contratada por: REDE GLOBO. Registro no TSE: RJ-00470/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%.
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