O carnaval sempre foi um espaço para que, além de se descontrair, os brasileiros brincassem com a política. Blocos e marchas que “homenageiam” nossos políticos já fazem parte da nossa cultura carnavalesca. Em 2018 teremos, por exemplo, o “Tem que manter isso aí”, que vai desfilar no Rio de Janeiro lembrando a célebre frase dita pelo presidente Michel Temer a Joesley Batista.
Mas os partidos políticos não vão deixar a brincadeira apenas a cargo da população. Eles também irão às ruas para aproveitar a festa para divulgar suas bandeiras. O PDT, partido do pré-candidato a presidente Ciro Gomes, vai lançar no Rio o bloco “Órfãos de Brizola”, que terá como tema “Fora Temer e leve a Cristiane Brasil com você!”.
Já o PT vai aproveitar o carnaval para continuar na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos blocos do partido que mais tem feito sucesso entre os militantes é o Sapo Barbudo, de Pernambuco. O nome é uma referência a um apelido que o ex-governador Leonel Brizola atribuiu a Lula nos anos 80.
“Nesse processo todo da questão do julgamento de Lula, resolvemos colocar o bloco na rua para levar nossa narrativa no momento de carnaval”, disse a secretária de cultura do PT-PE, Teresa Huang.
Quem também está se organizando para ir às ruas é o partido do “Quem bate cartão não vota em patrão”, o PCO. Em 2018, a legenda vai organizar um baile na Zona Sul de São Paulo e também participar de um cordão carnavalesco na Vila Madalena, bairro da zona oeste paulistana, em que eles farão a “ala dos operários”.
“A gente acha que o carnaval é uma manifestação popular muito legítima da população, e, justamente por ser muito popular e espontâneo, dá lugar a bastante manifestações políticas. O fato de que tem o povo saindo na rua, mesmo que seja por uma festa, nós consideramos uma coisa progressista, importante”, apontou Henrique Áreas, militante do partido e candidato a prefeito de São Paulo pela legenda em 2016.
E antes que a gente pense que juntar política e carnaval é coisa só da esquerda, vamos esclarecer que não é assim. O Movimento Brasil Livre (MBL) ainda não tem nada programado para o carnaval, mas fez um “esquenta” para a festa em Porto Alegre no último dia 24, quando houve o julgamento do ex-presidente Lula em segunda instância. Partidos de centro, como PSDB e PPS, já participaram do carnaval, com blocos como o “Eu meto o bico”, do PSDB, e o “Põe na minha urna”, do PPS. E em 2016, desfilou em Olinda o bloco “Oprime mais que tá pouco”, de simpatizantes de Jair Bolsonaro.