A equipe da Gazeta do Povo que fez o especial Índice de Liberdade Econômica 2018, material exclusivo em português, em parceria com a Heritage Foudation, dividiu comigo as 452 páginas antes da publicação. Li tudo, encontrei dados interessantíssimos mas, sinceramente, Brazyl, quem sou eu na fila do pão para explicar direito o que isso tem a ver com a vida da gente? Não sou a mais fuçada na economia, cá entre nós.
Pedi ao Flavio Rocha, CEO da Riachuelo, que lançou recentemente o movimento Brasil 200, falando exatamente de liberdade econômica, para ler o material todo e vir no estúdio responder ao vivo as minhas perguntas, as do Olavo Soares, da Thaisa Oliveira e da galera que acompanha a gente no youtube e no facebook. Para minha surpresa, ele não só topou como debateu o tema com amigos para trazer mais informações.
Sobre o Brasil, que caiu 10 posições e está atrás de países como Serra Leoa e Usbequistão enquanto a Argentina subiu 10 posições em um ano, Flavio Rocha lembra a série histórica:
É uma realidade trágica não só a posição humilhante, o que preocupa mais é a tendência. Cair 10 posições em um ano e 50 posições de 2013 para cá, estamos em queda livre!
O empresário aponta o tamanho do Estado como um problema e faz uma metáfora: imagine que o Estado é uma carruagem carregada por nós, que produzimos. O brasileiro chega a 67% e compete com países em desenvolvimento que, mesmo nos regimes socialistas, têm estados que chegam no máximo a 20% do Produto Interno Bruto, o total de riquezas produzidas pela população.
A China, que é comunista, tem 17% do PIB.
Além de caro, o Estado brasileiro não atende as necessidades da população. É essa a característica principal dos países que estão no final da fila, na ala vermelha do Índice de Liberdade Econômica, uma gestão pouco eficiente, pouco transparente e que quase nada tem a ver com democrática da burocracia estatal.
Quaisquer que sejam as justificativas encontradas em minúcias jurídicas para justificar o direito de permanência da casta de burocratas, elas pouco se relacionam com os direitos fundamentais garantidos ao povo ou com os melhores interesses de desenvolvimento e de futuro do Brasil.
No Brasil, o carrapato está maior do que o boi. Quando isso acontece os 2 morrem. – sentencia Flavio Rocha
A criação de uma elite de burocratas, que no Brasil representa 2% da população, gera uma cultura em que não se acredita na solução de conflitos pelas pessoas de forma adulta. O Estado passa a se portar como babá e assume uma série de tarefas que seriam cômicas se não tivessem um desfecho trágico para a nossa economia.
O burocrata não acredita na sabedoria do livre mercado. Quando você tem norma demais, você deixa o mercado no banco de reservas. Outro dia o STF estava debruçado sobre a seguinte questão: se o consumidor poderia comprar pipoca no cinema.
A população acaba por entrar nessa bola de neve. Houve um processo contra um bar devido ao tamanho do colarinho do chopp, tema que deveria ser resolvido pelo mercado, trocando de bar, indo ao que tem o melhor chopp simplesmente. Mas é necessário que o Estado, como mãe, pai, babá, estabeleça o comportamento que o povo adolescente deve ter.
O Judiciário regulamentou a espessura do colarinho do chopp em 2 centímetros. Seria anedótico se não fosse trágico. Tem o efeito de areia nas engrenagens da economia porque nós competimos com países que acreditam no livre mercado.
Flavio Rocha lembra que o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation não é uma simples separação entre países pobres e ricos, é uma avaliação profunda que separa países capazes de aproveitar as potencialidades humanas e criativas de seus habitantes daqueles que sufocam com regras rígidas qualquer tentativa de prosperidade.
Essa liberdade se aplica independente do nível de renda. Na própria África, você tem o exemplo do Zimbábwe e Botswana, uma população homogênea, miserável, um com liberdade econômica e outro com socialismo. Você vê que, em uma década, deslanchou o que optou pelo binômio da prosperidade: democracia e livre mercado.
Para o empresário, o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation não deve ser visto como uma forma de remoer as mágoas daquilo que o Brasil deveria ter feito e não fez, mas como um norte, uma bússola. Estamos no momento da virada, em que a sociedade civil precisa assumir seu papel em vez de deixar seu destino na mão dos políticos.
Realmente eu recomendo fortemente a leitura do ranking da Heritage Foundation para a gente tomar como missão, como inspiração, chegar cada vez mais próximos dos que têm a ensinar, os que estão no topo do ranking, que são aqueles que abriram sua economia, soltaram o potencial criativo do indivíduo e da empresa privada e nos afastarmos cada vez mais desse pelotão humilhante em que a gente está.