O anúncio da agência Standard & Poor’s (S&P) de que a nota de crédito do Brasil foi rebaixada de BB para BB- deu o sinal verde para uma série de especulações envolvendo a economia, o Congresso Nacional e, claro, as eleições presidenciais de 2018.
O governo se apressou em dizer que a reforma da previdência, diante do declínio da imagem da economia brasileira, se mostrava ainda mais imprescindível. Nota divulgada pelo Ministério da Fazenda na noite da quinta-feira (11) dizia que a “S&P ressalta a necessidade e urgência da aprovação de propostas de consolidação das contas públicas pelo Congresso Nacional, como a Reforma da Previdência”. No entanto, na sexta-feira (12) a diretora da agência Lisa Schineller apontou que a reforma não garantiria uma elevação automática na nota. “Outras medidas para melhorar o equilíbrio fiscal precisam ser implementadas”, disse, em entrevista a jornalistas brasileiros.
No campo eleitoral, a notícia foi interpretada como uma má notícia para o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem se apresentado como pré-candidato do PSD a presidente. Na qualidade de principal nome do campo econômico brasileiro, Meirelles passaria a carregar o ônus do rebaixamento, o primeiro da gestão Temer.
“Ele não é a pessoa que é culpada disso, muito pelo contrário. Ele é o instrumento que o governo tem. Se não fosse ele, a situação poderia estar muito pior. E se tem alguém que tá tentando fazer esses avanços é ele”, afirmou o senador Sérgio Petecão (PSD-AC), em defesa do ministro.
Cabe destacar que esse é foi segundo baque que Meirelles sofreu essa semana em suas pretensões presidenciais: o presidente Michel Temer, numa entrevista que concedeu ao Estadão publicada na quarta-feira (11), elogiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), também pré-candidato ao Planalto, e disse que é melhor que Meirelles permaneça como ministro da Fazenda.
No PT, o clima depois do anúncio da S&P foi de crítica ao governo brasileiro pelo rebaixamento e, ao mesmo tempo, ataque a um suposto benefício que a gestão Temer buscaria extrair de uma notícia inicialmente negativa. “A notícia só pode ser lida de uma forma: aprovem a reforma da previdência ou vamos prejudicá-los ainda mais”, escreveu em seu perfil no Twitter a deputada federal Margarida Salomão (PT-MG). Também na rede social, o senador Paulo Paim (PT-RS) foi ainda mais incisivo: “Chantagistas da Standard & Poor’s, Wall Strett (sic) e Consenso de Washington, em conluio com o governo Temer, exigem reforma da Previdência para abocanhar o dinheiro dos trabalhadores e dos aposentados brasileiro”.
O Brasil vem sofrendo críticas das agências de classificação de risco há tempos. Entre 2015 e 2016, o país perdeu o selo de bom pagador, o chamado investment grade, das três principais empresas do setor – Fitch, Moody’s e a própria S&P. Quando o Brasil sofreu o rebaixamento de 2015, o ex-presidente Lula disse que a decisão “não significava nada” e que as agências não mereciam muita credibilidade, por terem receio de rebaixar os países europeus. O discurso teve sinal oposto ao que ele adotou em 2008, quando ainda estava no cargo e o Brasil recebeu o investment grade pela primeira vez: na ocasião, o petista disse que a decisão mostrava que o Brasil estava passando a ser considerado um país sério.
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