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Nas Eleições de 2018, Minas Gerais deixa definitivamente o armário da política tradicional rumo ao desconhecido. Se não golpeou de morte, a Lava Jato transformou em zumbi uma das principais forças políticas do Estado, a família Neves.

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Ancorado no posto de secretário particular do avô, Tancredo Neves, que morreu antes de realizar as esperanças do povo brasileiro ao derrotar Paulo Maluf no Colégio Eleitoral, deixando o país no colo de José Sarney, Aécio Neves era presença certa na disputa pelos cargos mais prestigiosos enquanto os bastidores eram operados pela irmã, Andrea. Depois que ela amargou uns dias de cadeia e ele um dos vídeos de desculpas mais memetizados da história do país, o cenário mudou.

Até o início da semana passada, o tucano estava escondido na campanha do aliado de todas as horas, Antonio Anastasia, mas continuava cotado para disputar uma vaga ao Senado, apesar de todas as denúncias. Dilma Rousseff também deve se candidatar a uma vaga e está bem na pesquisa entre os mineiros. Mas, no final da semana, Anastasia apareceu no palanque de outro partido, dando apoio ao “Datena de Minas”.

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Carlos Viana, apresentador de programa policial na TV Record, é filiado ao PHS do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil e, ao contrário de Aécio, também está bem posicionado nas pesquisas de opinião para o Senado. Anastasia disse que as portas continuam abertas para o eterno companheiro, mas muitos especulam de forma maldosa que seria apenas da boca para fora.

O evento de apoio não incensou o candidato ao governo do Estado, mas pode poupá-lo do poder de fogo e da verborragia do PHS mineiro, uma novidade em termos nacionais. Assim que acabou o evento de lançamento da pré-candidatura de Carlos Viana, ele próprio se encarregou de postar no Facebook uma crítica aos tucanos, que também não faltou nos discursos dos presentes.

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil disse que vai apoiar Carlos Viana, mas respeita muito a candidatura de Dilma Rousseff e não vai militar contra ela. Aliás, disse que não vai militar contra nenhum senador porque quer eleger o dele. Para Anastasia, dedicou uma postura de neutralidade, após dizer que também é amigo pessoal de seus adversários e optar por uma saída pragmática: “Não tenho motivo para apoiar ninguém e não quero. Tenho trabalho a fazer na prefeitura. Os governadores não tem a menor condição de ajudar BH, o máximo que vamos pedir ao que for eleito até que pague o que deve e se fizer isso já estará fazendo um ótimo trabalho”, declarou o prefeito de Belo Horizonte.

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Isso foi um dia antes que ele próprio se envolvesse numa polêmica que caiu no gosto na internet envolvendo gastos públicos, um vídeo viral e um pré-candidato a deputado estadual disposto a incomodá-lo num restaurante. Bernardo Bartolomeu abordou o prefeito para cobrar o fretamento de um jatinho por R$ 63 mil para levar o procurador do município de Belo Horizonte até Brasília, caso que está dentro das previsões legais mas causou escândalo em Minas.

O resultado do esculacho público foi Alexandre Kalil reagindo à la Gilberto Kassab, com um sonoro “VAGABUNDO” desferido contra o cidadão que o abordou e um boletim de ocorrência por perturbação da ordem pública devido ao esculacho sofrido no restaurante. Já pensou se a moda lançada pelo prefeito mineiro pega?

A questão do frete foi respondida pelo próprio prefeito à época sem rodeios: assumiu completamente a responsabilidade e argumentou que a viagem era de emergência, para uma agenda acertada de última hora no STF e que rendeu o pagamento de R$ 180 milhões em dívidas atrasadas ao Estado de MG. No entanto, o caso continua sob investigação.

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Ainda sob a repercussão do vídeo, outra bomba caiu sobre Minas Gerais: a dissolução do diretório do MDB local, com autorização de Romero Jucá. Quem assume a condução do partido é o deputado Saraiva Felipe, que rechaça com veemência qualquer possibilidade de aliança com o tucanato, ideia que compara à de jogar uma bomba atômica na agremiação.

Em Minas, o MDB é rival histórico do PSDB. Mas, vejamos com quantos vídeos virais, declarações polêmicas, mitos derrubados e presidentes depostas serão feitas as Eleições de 2018.