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São tempos tão bicudos que as intrigas antes típicas de botequim – aquelas cheias de adjetivos, em que cada um dos lados se considera o senhor da virtude, temperadas pelo orgulho de latir mais alto e com o objetivo de chegar a lugar nenhum – estão derramadas pelos lares via redes sociais e já desabaram do teatro do parlamento para o vetusto plenário do STF.

No meio da fervura, o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso é um otimista, acredita que, para o brasileiro há um foco muito definido sobre o que está fora do jogo: desonestidade.

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Numa democracia, você tem espaço para projetos mais conservadores, mais progressistas, mais liberais. Você tem espaço para todo mundo. Só não tem espaço para projetos que não sejam honestos.

Para o ministro, a sociedade clama por características que não têm sido a tônica do debate político nos últimos anos.

Há uma imensa demanda na sociedade brasileira por integridade, por idealismo, por patriotismo e eu espero que a política seja capaz de suprir essa demanda.

Luís Roberto Barroso se torna vice-presidente do TSE ao final do mandato de Luiz Fux e considera-se parceiro dele e de Rosa Weber na missão de “cicatrizar feridas” com as eleições de 2018, fazendo do processo democrático uma correção da fratura que houve com o impeachment, o segundo em menos de 30 anos de eleições livres.

Infelizmente não conseguimos mudar o sistema eleitoral para um sistema melhor, mais representativo, mais barato e que facilite a governabilidade. Mas, na vida, a gente tem que trabalhar com aquilo que tem e não parar para se queixar ou se lamentar. – pontua o ministro.

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Outro ponto importante no qual precisamos evoluir é o debate político em si. Se a sociedade despertou para a importância da participação no processo, o que é muito saudável, também aprendeu a comportar-se como arquibancada de futebol. O clima beligerante pode ajudar algumas figuras a ficarem famosas – e ricas – mas não vai fazer um país melhor.

Nós estamos precisando, no Brasil, resgatar a possibilidade de pessoas que pensam de maneira diferente debaterem de forma civilizada, de forma respeitosa, sem abrirem mão das suas posições. – argumenta Luís Roberto Barroso.

Perguntei ao ministro qual a ideia dele para fazer com que a gente saia desse círculo vicioso que criou ídolos do tretismo, do xingamento, da palavra de ordem ao vento. De que forma ele imagina que conseguiremos reverter os debates no país para os projetos de futuro, o bem comum, a união de quem está disposto a construir. Ele é taxativo.

 

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A gente, na vida, ensina sendo.

Só se contribui para o debate civilizado sendo civilizado. Simples assim.