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A Protagonista

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O Brasil não sabe investigar crimes digitais: a saga do iPhone furtado no Ibirapuera chegou ao FBI

Há algum tempo, aqui no blog e no programa 'A Protagonista', estamos conversando com muitos especialistas na área de Direito Digital, tecnologia, uso de dados e internet, de um modo geral. O alerta é sempre o mesmo: todo cuidado nessa área é pouco e, ainda trata-se de um terreno arenoso onde as autoridades ainda patinam para encontrar soluções e proteger os cidadãos.

Esta semana, a produção do programa 'A Protagonista' recebeu um dos relatos mais surreais envolvendo crimes dessa natureza. Segundo a vítima, que prefere manter-se no anonimato, tudo começou com um caso de furto de celular, na região do Parque Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo, no início de março deste ano.

A vítima, que aqui chamaremos de Marcos, desistiu de fazer o Boletim de Ocorrência pela morosidade na delegacia. Sua ação, então, foi bloquear o aparelho, um iPhone da Apple. A partir daí, começou uma verdadeira perseguição digital. "Primeiramente realizei o bloqueio da iCloud.
Não concretizei na ocasião o BO devido a toda gentileza e sutileza no tratamento recebido pela polícia. Só que, dois dias depois do furto, passei a receber links falsos me induzindo a desbloquear o iCloud em sites fakes, via WhatsApp e SMS", relata.

A força da quadrilha envolvida nesse ato começa a tomar proporções maiores quando ameaças diárias começaram a encher o WhatsApp de Marcos.

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"Como não obtiveram êxito nestas tentativas, começaram a me ameaçar via WhatsApp, ao longo destes 3 meses. Ameaças vindas de diversos números e DDDs. Solicitavam que eu desbloqueasse o iCloud, caso contrário iriam atrás de mim ou de alguém da minha família", explica a vítima.

Marcos diz que nunca respondeu a essas mensagens ameaçadoras, tampouco conversou por telefone através das ligações sem identificação que recebia. "Semana passada, o iCloud disparou mensagens pra mim, informando a localização do telefone. Ele estaria em Belém (PA). Logo após, recebei mais mensagens fakes com links hospedados no Panamá e Rússia. Mais uma vez sem êxito, os criminosos partiram para uma ameaça mais efusiva e concreta. Diziam que bloqueariam os IMEI's do meu telefone novo (comprado após o furto) e dos outros que contavam no sistema da Vivo, onde minha linha havia sido conectada", conta Marcos.

Isso mostra que os criminosos conseguem acessar informações internas das operadoras, mostrando total permissão aos dados da vítima e o que ela tem feito após ser furtada. Marcos revela que chegaram a enviar uma foto do sistema da operadora Vivo, com acesso aos seus dados e os IMEIs reais de seus telefones.

""Criminosos enviam tela do sistema da operadora de telefonia para a vítima

Isso ocorreu quando a vítima estava em viagem, fora do Brasil. Até então, os telefones funcionavam normalmente. Mas, ao retornar ao Brasil, de fato os telefones estavam bloqueados.

Sem nenhuma resposta das autoridades, Marcos começou uma investigação particular. Assim, identificou que o bloqueio foi solicitado pela T-Mobile dos Estados Unidos. "Assim, neste momento meu telefone novo e um antigo estão bloqueados mundialmente", conta.

Totalmente a mercê dos criminosos, que passados quase três meses do furto seguem o ameaçando, Marcos lamenta não ter respostas das autoridades sobre quem está por trás desse grande mercado paralelo. A saga da vítima soma um boletim de ocorrência na Polícia Civíl (ainda sem retorno), reclamação e solicitação na Vivo (que responderam não conseguir informar quem havia solicitado o bloqueio), e reclamação na Anatel (disseram que deveria entrar em contato direto com a operadora americana, pois são um órgão fiscalizador apenas de empresas brasileiras).

Dentro da investigação paralela, fora do Brasil, Marcos falou com a T-Mobile dos Estados Unidos. Lá disseram primeiramente que ele não era cliente deles. "Em seguida informaram que meus aparelhos nem constam na lista desta operadora e o fato deles terem sido bloqueados, deveria ter um contato da Anatel para solicitar o desbloqueio", conta a vítima.

Marcos, cansado da leniência das autoridades brasileiras, apelou até mesmo para o FBI. Os federais americanos atuam no Internet Crime Complaint Center (IC3), uma central de queixas para crimes de internet. A vítima ainda aguarda retorno de um formulário preenchido lá.

Até agora, no entanto, Marcos segue com os telefones bloqueados, suscetível a colocar um chip em um telefone novo e também ser bloqueado mais uma vez. Isso sem falar das diárias ameaças que o envolvem, bem como seus familiares e colegas do círculo profissional.

O blog 'A Protagonista' aguarda posicionamento das empresas, agências e órgãos governamentais citados nessa reportagem. Confira abaixo a reportagem no programa.

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