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O que está escrito na carta que Suplicy entregou para Doria na posse?

Doria e Suplicy, na Câmara Municipal de São Paulo, quando da posse municipal, em 2017 - foto: André Bueno/CMSP (Foto: )

A segunda parte da posse de João Doria como governador de São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, foi bastante movimentada e concorrida.

Depois de ter oficialmente recebido o cargo das mãos de Marcio França, discursou e foi para a ‘parte social’ do evento. É o que chamamos tradicionalmente de ‘beija-mão’, quando governador e vice, neste caso Rodrigo Garcia, e suas esposas, recebem os cumprimentos dos convidados, individualmente.

Com o triunfo de Doria, somam-se mais quatro anos de hegemonia tucana à frente do governo paulista, totalizando quase 30 anos de gestões que vêm desde Mario Covas.

Ou seja, dentre os convidados para a cerimônia, se nem Geraldo Alckmin, o padrinho político de Doria, estava presente, nem mesmo Bruno Covas, seu sucessor na prefeitura, o que dizer de rivais políticos e de partidos ideologicamente contrários, certo?

Errado. Dentre os convidados que foram cumprimentar o governador, um chamou a atenção: no ninho tucano, um petista. Era o vereador Eduardo Suplicy, que decidiu furar o boicote vermelho.

E ele não foi cumprimentar Doria de ‘mãos abanando’. Levava consigo uma folha de papel. Muitos devem pensar: seria um discurso pronto para desejar boa sorte no governo?

Em partes foi isso. Mas o fato é que desnudamos o que estava no papel encaminhado pelo vereador petista ao governador tucano.

Eduardo Suplicy entregou em mãos a Doria uma elegante carta congratulando e cumprimentando o governador pela posse, mas também cobrando posicionamento.

O próprio vereador entregou uma cópia assinada do documento à reportagem, no Palácio dos Bandeirantes. Veja reprodução abaixo:

 

 

Suplicy alerta o novo chefe do executivo paulista sobre a “importância de não criminalizar movimentos movimentos sociais como MST, MTST, movimentos em busca do direito à moradia, direitos da população negra, LGBT e direitos humanos”.

A carta ainda diz que deve ser assegurado “sempre o livre direito à manifestações, reivindicações legítimas em busca de melhores condições de vida”.

Um ponto que é reforçado no manifesto de Suplicy é que o novo governo “procure evitar o agravamento das mortes causadas por policiais em conflitos com pessoas que não são criminosas e que muitas vezes são consideradas suspeitas por serem negras e por morarem em regiões pobres”.

Suplicy ainda cita um caso ocorrido em Sorocaba, no interior paulista, dia 23 de dezembro de 2018, quando um produtor musical negro fora assaltado e teve sua moto roubada. Ao localizá-la, ainda ligada, saiu com ela sem capacete passou por policiais que ordenaram que parasse.

Mas, o produtor musical não respeitou a ordem, acabou alvejado e morto.

Por fim, o texto do vereador petista ainda mostra preocupação com o aumento da tarifa do transporte público sem debate com a população, o que pode suscitar protestos.

Diferente de seus colegas de legenda, Suplicy preferiu dar as caras e se colocar aberto para conversar.

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