Autor de dezenas de livros, palestrante que perde meia hora na fila de autógrafos depois de falar, professor universitário no Brasil e no exterior, José Luiz Tejon é famoso pelo profundo conhecimento no ramo do Agronegócio. Este ano, relança seu último livro, Guerreiros não Nascem Prontos, em versão revista.
Para ele, a necessidade número 1 do Brasil neste momento é protagonismo. Lembra que a fibra e a coragem daqueles que construíram nosso país anda meio esquecida. Não foram os imigrantes ricos que vieram para cá na grande maioria dos casos – somos um país de gente pobre, buscando refazer a vida.
O Brasil foi construído com gente muito corajosa, né? E me parece que essa coragem me parece que ficou esquecida, me parece que o Brasil está um pouco covarde, esqueceu as origens lutadoras de fazer de um país tropical como este aqui, gente, uma das 10 maiores economias do mundo, com todas as nossas incompetências e falcaturas – uma das 10 maiores economias do mundo!
O empobrecimento do ambiente político, para José Luiz Tejon, também se deve a uma particularidade do ocorrido durante a Ditadura Militar. Com movimentos amordaçados e atividade política suspensa, a história que contamos é dos que persistiram, mas há uns tantos milhares que simplesmente desistiram de dar murro em ponta de faca.
Muita gente de valor foi fazer outras coisas, foi trabalhar, empreender, estudar no exterior. Quando chegou a abertura, não eram os melhores brasileiros que estavam lá.
Para José Luiz Tejon, a fantasia em torno da abertura democrática ofuscou a realidade sobre a origem do avanço brasileiro: não é apenas da livre troca da ideias que vem o progresso, também é do esforço e do trabalho.
Se contava que simplesmente a abertura política iria conduzir o Brasil para um grande avanço e quem continuou conduzindo o Brasil para o avanço foi o empreendedorismo, a força do empreendedor.
O exemplo mais interessante é o do agronegócio. No interior do país tem gente diariamente pesquisando como progredir, se superar, fazer melhor. Com tudo o que a gente passou nos últimos tempos, o país é protagonista planetário no agronegócio.
Creio que é desse segmento que têm de aparecer os novos líderes.
A gente precisava tentar ver no Brasil onde tem coisas interessantes, tipo Maringá
José Luiz Tejon defende também que sejam mais divulgados os exemplos interessantes de participação da sociedade civil na gestão pública e preocupa-se com o clima de “lavagem cerebral” promovido pela valorização sistemática dos maus exemplos. Como projeto interessante, cita Maringá, no interior do Paraná.
Eles têm lá um núcleo de gestão da cidade de Maringá e não importa quem seja o prefeito, existe uma sociedade civil que sabe o que tem que ser feito, como é que tem que ser feito, existe um bureau de vigilância das contas públicas.
Ele também defende que as 12 Confederações Nacionais Empresariais se reúnam em torno de um projeto de futuro a ser apresentado à sociedade e colocado na mesa qualquer que seja o próximo presidente eleito.
Ela é a que paga imposto, que gera emprego, é lá que traz ciência e tecnologia, é lá que vende produtos para o país e para o mundo, é ali que vai comprar, portanto, cadê vocês? 12 presidentes das Confederações Nacionais empresariais. Eu preferia muito mais debater vocês do que ficar debatendo se vai ser Bolsonaro, Lula, Alckmin, Marina ou até o Álvaro Dias, por quem eu tenho grande respeito.
Outra força importante está nos pequenos empresários brasileiros, os cooperativados. As cooperativas brasileiras faturam anualmente, reunidas, R$ 350 bi e já são 13 milhões no país.
Olha o poder que está aí para você se unir e ter planos e programas. Portanto, esse corpo que realiza o empreendedorismo brasileiro, como o cooperativismo, esse é o grupo de poder.
Infelizmente, José Luiz Tejon lembra que continuamos insistindo num sistema carcomido e em ideologias mortas, aquelas que depositam todos os sonhos e esperanças do povo no funcionamento do sistema político ou no bom desempenho de um mandatário.
O mundo mudou, agora a turma toda brasileira, nós precisamos parar de pautar e ficar debatendo coisa que já morreu. Não vamos ao futuro com um sistema exclusivamente político.
Para os mandatários, de qualquer tendência política, Tejon considera que há qualidades inegociáveis às quais as pessoas devem prestar a atenção.
Nessa posição é inegociável a corrupção, é inegociável o roubo, é inegociável até a incompetência. Por que o ato que você realiza, às vezes até bem intencionado, mas incompetente, ele causa desgraças. (..) E quando a pessoa é competente e sem caráter, é nefasta. A incompetência e o lado nefasto humano são inadmissíveis nesses cargos.
Quando pergunto ao Tejon o que ele espera de um governo, a resposta é simples:
O que eu esperaria de um governo? Que ele não atrapalhasse o Brasil.