No último final de semana a cidade de Pacaraima, em Roraima, até então desconhecida pela maioria dos brasileiros, ficou conhecida nacionalmente.
O pequeno município de 12 mil habitantes faz fronteira com a Venezuela e é vista como refúgio e porta para uma nova vida por muitos venezuelanos que estão em situação de miséria por conta da economia em frangalhos sustentada pelo presidente Nicolás Maduro.
Há meses o movimento de entrada no Brasil via Pacaraima está acontecendo, mas saiu do controle. No último sábado (18), 1,2 mil venezuelanos deixaram a cidade após ataques feitos por brasileiros, que queimaram barracas de um acampamento nas ruas da cidade.
Essas pessoas – equivalente a 10% da população de Pacaraima – segundo relatos de moradores, estavam vivendo nas ruas em situação precária.
O pastor José Raimundo, da Igreja Presbiteriana de Pacaraima, vive a real experiência com os refugiados, pois mantém em sua casa atendimento aos venezuelanos que realmente desejam reconstruir sua vida em solo brasileiro.
Em entrevista ao programa RádioAção, da Igreja Presbiteriana do Brasil, José Raimundo conta que o trabalho é severamente prejudicado pela total falta de colaboração das autoridades federais. Os governos estadual e municipal, segundo seu relato, ficam de mãos atadas.
“Nós tivemos reuniões anteriores, estávamos tratando desse problema com a população e tudo estava sendo debatido publicamente. Mas nunca houve resposta do Governo Federal. Tudo que é feito pelo prefeito ou pela governadora (Suely Campos) é cancelado pela esfera federal. Isso acontece por ser área de fronteira. Há Polícia Federal, Exército, mas sempre desautorizam as medidas feitas aqui. Só se comprometem mas não ajudam. Querem ajudar os venezuelanos, mas os brasileiros acabam reféns aqui”, desabafa.
O pastor explica que o ponto crítico que chegou nesse final de semana é fruto das sequências de saques, furtos e invasões a residências cometidas por venezuelanos integrantes de grupos criminosos, que aproveitam a facilidade de ingresso no Brasil, para atuar.
Mesmo com situações flagrantes, José Raimundo diz que as autoridades nada fizeram para impedir o avanço da criminalidade, o que prejudica até mesmo o trabalho social com as famílias de venezuelanos que apenas buscam apoio para reconstrução de suas vidas.
“Eles começaram a praticar pequenos furtos nos comércios, levando alimentos. Entendemos a necessidade, mas como fica o comerciante que é roubado diversas vezes? Eles perdem a paciência e começam a reagir. Até casas foram invadidas e a polícia nada faz, pois dizem que como são venezuelanos não podem prender, nem nada. Isso tudo aconteceu porque a população não aguenta mais ser roubada todos os dias”, explica.
Agora, em Pacaraima, há certo clima de tranquilidade, mas nada que garanta dias de paz para brasileiros e venezuelanos. Homens da Força Nacional de Segurança começam a desembarcar em Roraima para reforçar a ordem.
Mas o reforço real precisa ser dado em forma eficaz de políticas públicas de amparo aos refugiados, com os mesmos protocolos internacionais de sucesso. O que até agora, por aqui, ninguém viu.
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