Em meio à prisão temporária de aliados de Michel Temer, a oposição afirma que as investigações comprometem a votação do pacote econômico proposto em substituição à Reforma da Previdência, trazem à tona a possibilidade de uma terceira denúncia contra o presidente e enterram sua campanha eleitoral.
Nesta quinta-feira (29), à pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a Polícia Federal prendeu o empresário e advogado José Yunes, o coronel João Batista Lima Filho, o ex-ministro Wagner Rossi e o empresário Antônio Celso Grecco.
Líder do PSB na Câmara, o deputado Júlio Delgado diz que, às vésperas das eleições, as investigações reacendem as especulações de que Temer possa ser denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) e aumentam a pressão para que aliados se distanciem do governo.
Embora o Congresso tenha livrado o presidente de duas denúncias apresentadas pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, Delgado afirma que, agora, Temer enfrentaria o processo com a Casa sob comando de um possível adversário político: Rodrigo Maia, pré-candidato ao Planalto pelo Democratas.
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“O Rodrigo [Maia] se colocou como presidenciável e pode disputar a presidência [estando] na presidência. Não se trata mais de eleições diretas. Como estamos em ano eleitoral, o primeiro da sucessão é o Rodrigo. Ou não seria importante para ele tentar a viabilidade eleitoral e disputar as eleições no mandato [de presidente da República]?”, questiona.
Líder do PDT na Câmara, André Figueiredo aposta que até mesmo a privatização da Eletrobras possa ficar só no papel. Para o deputado, frente ao cenário atual, o presidente teria menos força para conseguir os votos necessários para barrar o prosseguimento de uma terceira denúncia.
“Não causa mais surpresa o fato de pessoas extremamente ligadas ao [presidente Michel] Temer estarem sendo presas e acusadas de crimes relacionados ao Porto de Santos. A questão é: o governo vai ter suporte financeiro para barrar, novamente, uma análise de admissibilidade? Essa é a incógnita.”
Vice líder do governo, Darcísio Perondi diz, no entanto, que a oposição “só pensa nas urnas” e usa “as crises” do governo como pretexto para travar a pauta da Câmara. Para ele, o presidente tem sido alvo de ataques do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresários que atuam no Porto de Santos.
“O ministro [Luís Roberto] Barroso está igual ao [ex-procurador-geral] Janot: obcecado em obstruir as reformas no Brasil”, declara. “Esta crise provocada pelo novo reescrevedor da Constituição, chamado Roberto Barroso, não vai afetar a pauta econômica, mas ela pode ser agilizada se a oposição quiser trabalhar pelo Brasil.”