A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segunda instância revirou a corrida presidencial de 2018. Afinal, a decisão dos juízes de Porto Alegre tende a tornar o petista inelegível. Lula lidera, atualmente, todas as pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do Datafolha, divulgado em novembro, o ex-presidente estava em primeiro em todos os cenários que continham o seu nome.
O fato de a possibilidade de condenação e inelegibilidade já estarem no cenário político há tempos – a sentença de primeira instância foi apresentada pelo juiz Sérgio Moro em julho – fez com que muitos da política já trabalhassem com a ideia de que Lula fosse impedido de se candidatar. Mas o 3×0 de Porto Alegre materializou o quadro da ausência de Lula de modo até então inédito.
A discussão, então, passou a ser sobre as eleições no cenário de pós-Lula. Análises de diferentes cientistas políticos indicavam que, paradoxalmente, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), vice-líder nas pesquisas, seria prejudicado com a ausência de Lula – sem o petista, o parlamentar perderia seu maior oponente e uma referência para os discursos.
Em entrevista exclusiva ao blog A Protagonista, o deputado criticou a análise. “O pessoal tenta de toda maneira dizer que eu apenas tenho uma bandeira, a anti-Lula. Não é verdade. A minha bandeira é contra a esquerda há muito tempo. E tenho propostas para o Brasil. E não estou obcecado por eleição, a minha preocupação é o Brasil. E ponto final”, disse. Clique AQUI para ver uma reportagem especial sobre o tema.
Do lado do PT, há ainda a esperança de se lançar Lula como candidato. O partido fez uma cerimônia na quinta-feira (25) para apresentar a pré-candidatura de Lula e suas lideranças tem investido no discurso de que podem reverter a condenação. “Nós consideramos que ele é inocente. A sentença é uma perseguição contra ele e tem que ser reformulada. Então, por conta da inocência dele, no nosso ponto de vista, e da possibilidade dele de unificar essa grande massa de gente e forças populares, nós vamos manter a candidatura dele”, disse o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP). O parlamentar também disse que é “nada” e “zero” a possibilidade de trabalhar os nomes do ex-governador da Bahia Jacques Wagner e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como alternativas a Lula.
Outros adversários
Do lado do PSDB, que deve lançar o governador Geraldo Alckmin (SP) para a disputa – embora o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também se apresente como pré-candidato – o clima é de cautela.
“Não sabe quais serão as reações da população a esse episódio. Ao se eliminar um polo desses, como o Lula, não se tem muita convicção das consequências para o centro, se isso ajuda a fortalecer esse campo ou o contrário, se ele pulveriza”, destacou o ex-governador de São Paulo Alberto Golman, que presidiu o PSDB em caráter interino no ano passado.
Já a postura da Rede, partido da pré-candidata Marina Silva, é similar à destacada pelo deputado Jair Bolsonaro: a de que a eventual ausência de Lula não interferirá no discurso da legenda.
“A decisão da Marina em ser candidata se deu por um cenário político que não se altera [com a exclusão de Lula da disputa]. O país continua com numa conjuntura política muito ruim”, disse o coordenador executivo do partido, Bazileu Margarido.